sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Estudo afirma que há 50% de chance de vivermos em uma simulação




Embora essa ideia de vivermos em um realidade simulada pareça uma teoria da conspiração tirada do enredo do filme Matrix, incrivelmente existem pesquisadores ligados a importantes universidades estudando o assunto.


Quem gosta de teorias e assuntos ligados a mistérios, sempre encontra matérias mencionando pesquisador A ou B, porém na grande maioria dos casos, esses são pesquisas independentes.


O que me chamou a atenção na matéria abaixo, me fazendo querer compartilhar a mesma com vocês, é justamente que grandes Universidades estão envolvidas. Não quero dizer que estas pesquisas apoiadas pelas universidades são mais sérias que as independentes, mas há uma chance muito pequena de tais estudos serem divulgados apenas para chamar a atenção, afinal existe uma grande reputação a zelar.


Bom, deixando de lado o blá blá blá, convido a todos a conhecer melhor essas pesquisas mais abaixo.


Em um influente artigo de 2003, o filósofo da Universidade de Oxford, Nick Bostrom expôs a possibilidade de que nossa realidade seja uma simulação de computador idealizada por uma civilização altamente avançada.


No artigo, ele argumentou que pelo menos uma das três proposições deve ser verdadeira:


As civilizações geralmente se extinguem antes de desenvolver a capacidade de criar simulações da realidade.
Civilizações avançadas geralmente não têm interesse em criar simulações de realidade.
Quase certamente estamos vivendo dentro de uma simulação de computador.


Agora David Kipping, astrônomo da Universidade de Columbia (EUA) analisou cuidadosamente essas proposições, também conhecidas como o “trilema” de Bostrom, e argumentou que há essencialmente 50% de chance de estarmos de fato vivendo em uma simulação, relata a Scientific American.


Kipping transformou as duas primeiras proposições em uma, argumentando que ambas resultariam no mesmo resultado: não estamos vivendo dentro de uma simulação.


“Você apenas atribui uma probabilidade anterior a cada um desses modelos”, disse Kipping ao SA. “Nós apenas assumimos o princípio da indiferença, que é a suposição padrão quando você não tem nenhum dado ou inclinação para nenhum dos lados.”


Kipping também argumenta que quanto mais camadas de realidade uma simulação incorporar, como uma matrioska (boneca russa), a necessidade de recursos computacionais aumentariam.


Em outras palavras, quanto mais a fundo você vai na simulação, menos poder de computação terá para criar uma simulação convincente.


A conclusão do astrônomo depois de analisar os números: há cerca de 50 por cento de chance de que qualquer uma das hipóteses seja verdadeira.


Mas se os humanos algum dia criarem tal simulação, as possibilidades mudariam radicalmente.


“Então você só fica com a hipótese de simulação”, afirmou Kipping ao SA. “No dia em que inventamos essa tecnologia, a probabilidade de sermos reais melhora um pouco além dos 50-50 [%] para quase certamente não sermos reais, de acordo com esses cálculos.”


Outras descobertas podem resolver o problema. E se pudéssemos detectar uma “falha na Matrix” que mostrasse que nossa realidade é uma simulação? Ou se pudéssemos demonstrar que a simulação usa superposições quânticas que só são determinadas quando você olha para elas?


Outros até argumentam que, nas próximas décadas, nosso conhecimento em computação nos levará finalmente a confirmar definitivamente se vivemos em uma simulação ou não.


Por enquanto, temos que fazer as pazes com o fato de que, infelizmente, não sabemos.


“Não é possível testar se vivemos em uma simulação ou não”, disse Kipping ao SA. “Se não é falseável, então como você pode alegar que é realmente ciência?”


Fonte: Hypescience

Os simbolismos por trás de 11 símbolos comuns de lápides


Caminhe por qualquer cemitério do mundo e você encontrará uma paisagem solene que homenageia entes queridos que já faleceram. Acompanhando as inscrições de nomes, datas e brasões de família, estão alguns símbolos comuns que aparecem repetidamente nas lápides. Se você já se perguntou o que eles poderiam significar, dê uma olhada em algumas das explicações por trás das figuras que geralmente acompanham os epitáfios sobre túmulos, mausoléus e campas cemiteriais para homenagear pessoas ali sepultadas.


Com efeito, milhares de diferentes símbolos e emblemas religiosos e seculares adornaram lápides ao longo dos tempos, indicando atitudes em relação à morte e o além, a adesão a uma organização fraterna ou social, ou o comércio, ocupação ou mesmo identidade étnica de um indivíduo. Embora muitos desses símbolos de lápides tenham interpretações bastante simples, nem sempre é fácil determinar seu significado e importância.


Deixamos fora desta coleção dois exemplos muito simples: os anjos como símbolos de inocência são geralmente encontrados em túmulos de crianças. Por serem agentes de Deus, os anjos costumam ser mostrados apontando para o céu ou em gestos de compaixão. Outro símbolo já não tão usado na atualidade foram as âncoras como uma cruz disfarçada e como um marcador para guiar o caminho para locais de encontro secretos. Âncoras também são símbolos cristãos de esperança, muitas vezes representadas entre rochas.


Quem acompanha o blog Noite Sinistra, ou nos segue nas redes sociais, sabe o quanto eu gosto de cemitérios antigos. Temos algumas postagens destinadas a esse assunto aqui no blog (abaixo compartilho quatro links de matérias deste tipo), e principalmente imagens no Tumblr. Cheguei até mesmo em uma das comemorações de aniversário do blog a propor que os leitores enviassem fotos de temas de terror que fazem parte do seu dia a dia, e as minhas fotos tinham haver com cemitérios.


A postagem abaixo, que foi enviada pelo amigo Elson Antonio Gomes, trás alguns símbolos vistos frequentemente em túmulos e lápides. Espero que apreciem o assunto tanto quanto eu...


Olho
Se você sentir que alguém pode estar olhando para você no cemitério, pode estar perto de uma lápide gravada com um olho. Frequentemente cercado por uma explosão de luz solar ou um triângulo, um olho normalmente representa o olho que tudo vê de Deus e pode também denotar que o falecido era um maçom.



Mãos fechadas
Ver duas mãos entrelaçadas pode ilustrar o aperto de mãos ou de mãos dadas, dependendo da posição dos polegares. Um aperto de mão pode significar uma saudação à vida eterna. Se as mãos postas tiverem braceletes diferentes, isso pode indicar um vínculo entre o falecido e um cônjuge ou parente. Se uma das mãos for mais alta do que a outra, isso também pode significar que uma pessoa está sendo bem-vinda por um ente querido ou por um poder superior. A gravura manual tornou-se amplamente utilizada durante a era vitoriana.



Pombo
Um pombo geralmente simboliza a paz e o Espírito Santo, mas seu significado específico depende de como a ave está posada. Se está voando para cima, a alma está subindo para o céu. Se estiver voando para baixo, representa o Espírito Santo chegando ao batismo de Jesus Cristo. Se estiver segurando um ramo de oliveira em sua boca, refere-se a uma antiga crença grega de que os ramos de oliveira podem afastar os maus espíritos.



Corrente quebrada
A sabedoria medieval certa vez sustentou que uma corrente de ouro mantinha a alma no corpo. Na morte, a corrente é quebrada e a alma é libertada. Se a corrente for ininterrupta e apresentar as letras AAV (de Amizade, Amor e Verdade), provavelmente significa que o falecido pertencia à Ordem Independente de Companheiros Estranhos, uma organização fraterna que busca promover causas de caridade e oferecer ajuda.



Livro
O falecido era um leitor ávido? Talvez, mas não necessariamente. Um livro aberto em uma lápide pode se referir a um texto sagrado como a Bíblia, o "livro da vida" ou a vontade de aprender da pessoa. Se você vir um canto com orelhas no lado direito, pode indicar que a vida da pessoa terminou prematuramente e antes que seu "livro" fosse concluído.




Dedo apontando para cima
Uma mão com o dedo indicador levantado para o céu é um dos símbolos mais ambíguos encontrados nos cemitérios. Pode estar apontando para o céu ou indicar o fato de que o falecido ressuscitou da terra dos vivos.



Espiga de milho
Uma espiga de milho em uma lápide significa que o falecido poderia ter sido um fazendeiro; costumava ser um costume enviar milho em vez de arranjos florais para a família de um fazendeiro. Pode representar outros tipos de grãos. Como alternativa, as sementes de milho podem simbolizar o renascimento.



Pergaminho enrolado
Um pergaminho gravado em uma lápide com as duas pontas enroladas pode indicar que parte da vida já se desenvolveu enquanto o futuro está oculto.



Lamparina
Uma candeia em uma lápide pode falar sobre o amor pelo aprendizado ou conhecimento, ou pode se referir a como o espírito é imortal.




Camelo
Embora esse camelo em particular signifique o Imperial Camel Corps que ocupou regiões desérticas durante a Primeira Guerra Mundial, um camelo também pode representar uma longa jornada ou um guia habilidoso, neste caso, para a vida após a morte.




Ampulheta
Como você deve ter adivinhado, a ampulheta simboliza a marcha do tempo. Uma ampulheta na ponta pode significar que o falecido morreu repentinamente, enquanto uma ampulheta alada comunica a rapidez com que o tempo passa. Também pode ser interpretada como uma mensagem para os vivos: o tempo é curto, então não o desperdice.





By: Elson Antonio Gomes


Fonte: MDig

Corpos em decomposição nos anos de 1720 deram origem ao primeiro pânico vampiresco



Em 1721, o padre de Londres Thomas Lewis, preocupado com o fedor de carne em decomposição que vazava de tumbas abarrotadas nos arredores e dentro de sua igreja, publicou um panfleto, "Considerações sazonais sobre o costume indecente e perigoso de enterrar corpos em igrejas e pátios de igrejas".


Os vapores nocivos, ele acreditava, profanavam o espaço, distraindo sua congregação da oração. Lewis afirmou que os odores também causavam doenças como peste, varíola e disenteria.


A visão de Lewis dos mortos como perigosos para os vivos baseava-se no pensamento científico contemporâneo que, na década de 1720, ainda não havia se libertado totalmente das superstições medievais. Poucos anos depois, do outro lado da Europa, na aldeia de Kisiljevo, nos arredores do Império Habsburgo, os moradores da mesma forma culparam um cadáver por espalhar doenças, mas por meio de um método de transmissão radicalmente diferente.




Em julho de 1725, eles convocaram o Provedor Kameral, um oficial de saúde e segurança. A preocupação usual do Provisor Frombald em tais situações era identificar a causa do aglomerado de casos e prevenir uma epidemia generalizada.


Os moradores acreditavam que Petar Blagojević, que morrera dez semanas antes, estava perambulando fora de seu túmulo, levando a morte para suas casas. A viúva Blagojević afirmou que seu marido bateu em sua porta após o funeral, exigindo seus sapatos antes de tentar estrangulá-la. Blagojević permaneceu ativo nas nove noites seguintes, atacando mais nove aldeões. Ao acordar, cada vítima relatou que Blagojević tinha se colocado sobre eles e tentado estrangulá-los. Depois de sofrer uma misteriosa doença de vinte e quatro horas, todos morreram.


Como Frombald detalhou em seu relatório oficial, os anciãos da aldeia já haviam feito seu diagnóstico: Blagojević era "vampyri", a palavra sérvia para "volta dos mortos". A única tarefa de Frombald era carimbar essa conclusão. Os aldeões assumiriam a partir daí.


Assim, Frombald conduziu uma autópsia formal no Blagojević exumado. Ele registrou a aparência (e o cheiro) do cadáver como "completamente fresco". Ele também notou o aparecimento de "sangue fresco" ao redor da boca, supostamente sugado das vítimas. Com tais evidências diante de si, ele não conseguiu reunir nenhuma objeção ao plano de ação dos aldeões, por mais repulsivo que parecesse. Enquanto eles enfiavam uma estaca afiada no torso de Blagojević, Frombald testemunhou muito sangue, completamente fresco jorrar dos ouvidos e da boca, mais uma prova do status de morto-vivo.


Em seu relatório às autoridades dos Habsburgos, Frombald aceitou todas as indicações estavam presentes de que Blagojević era de fato um vampiro. Ao mesmo tempo, ele se recusou a aceitar qualquer culpa se seus superiores considerassem que sua conclusão era ignorante. Ele insistiu que a culpa era inteiramente dos aldeões que estavam fora de si de medo e fez o que tinha que fazer para acalmá-los. Seu relatório serviu como uma reportagem de jornal, levando o primeiro uso impresso do termo local "vampyri", que logo seria filtrado para outras línguas europeias.


A reclamação de Lewis e a investigação de Frombald originaram-se do mesmo problema de saúde pública: a proximidade entre os vivos e os mortos. Isso foi um problema desde o início da urbanização na Europa do século 11. Casas e empresas tendem a ser construídas em torno de locais de culto e seus cemitérios anexos. A Igreja não estava interessada em mudar isso, já que as inumações, dentro e fora de casa, eram um empreendimento lucrativo.


Os padres ganhavam honorários significativos com a entrega da última cerimônia e missas de réquiem, bem como com a venda de imóveis post-mortem, ou seja, quanto mais perto dos vivos, melhor. Enquanto isso, os bons cristãos se consolavam em saber que se deteriorariam ao lado de pessoas e lugares familiares, dentro de um cordão protetor de oração e lembrança. Mas, com o passar dos séculos, as populações aumentaram em ambos os lados da parede do cemitério e competiram pelos mesmos espaços urbanos.


Quando todos os lotes de um cemitério estavam cheios - como aconteceu cada vez mais no final do século 17- os sacristãos adicionaram outra camada, cavando duas sepulturas, em vez das habituais com dois metros de profundidade. Os corpos dos pobres, ou vítimas da peste, eram jogados, em massa, em fossas. A maioria dos cadáveres vestia apenas uma mortalha de tecido, já que os caixões eram considerados um luxo.


Para que os mortos "ressuscitassem", bastava uma forte tempestade, uma matilha de cães saqueadores ou um coveiro bêbado desleixado. Alguns murchavam até os ossos, enquanto outros pareciam rosados e bem alimentados, mais parecidos com a vida do que quando ofegavam em seus leitos de morte de faces encovadas. A ciência médica falhou em explicar essas anomalias post-mortem, mas a tradição popular tinha um nome para o decadente, "revenant", do verbo francês "revenir" , "voltar". O termo eslavo era "vampyr".


Qualquer que fosse o nome, acreditava-se que esses monstros eram o resultado de rituais funerários inadequadamente observados ou de uma morte suspeita. Sem as cerimônias adequadas, incapazes de descansar, eles saltavam de seus túmulos, atacando parentes e amigos. A cura medieval era drástica: exumar, estacar, decapitar e queimar, antes de espalhar as cinzas em água corrente.


À medida que a Idade do Iluminismo avançava, essa solução horrível começou a parecer um absurdo supersticioso, especialmente para bispos católicos e protestantes ansiosos para acompanhar o tempo e se afastar da caça às bruxas. No início do século 18, os párocos foram proibidos de realizar esses rituais misteriosos.




No entanto, os vampiros persistiram. Quando os relatórios sobre os mortos devolvidos caíram em ouvidos surdos no palácio do bispo, os paroquianos que pagavam impostos correram até o representante do governo local para que fizesse alguma coisa.


No final de 1731, o cirurgião de campo regimental austro-húngaro Johannes Flückinger viajou para a aldeia sérvia de Medvegya -cerca de 200 km de Kisiljevo, na fronteira com o otomano- para investigar outra série de mortes misteriosas. Desta vez, o suspeito "Vampiro Zero" era um albanês chamado Arnaud Paole. Quando estava vivo, Paole afirmou que se protegeu da mordida de um vampiro comendo a sujeira de sua tumba e se limpando com seu sangue.


Infelizmente, essas precauções não o impediram de quebrar o pescoço ao cair de uma carroça de feno. Quarenta dias após sua morte, quatro aldeões declararam que o falecido Paole havia retornado para atormentá-los, e então esses quatro morreram prontamente.


Os anciãos locais -aconselhados por seu administrador, que claramente tinha experiência anterior em tais assuntos- desenterrou o cadáver de Paole e o encontrou - "...completo e incorrupto, enquanto seu sangue completamente fresco fluía de seus olhos, orelhas e nariz." Satisfeitos com as evidências, os moradores locais cravaram uma estaca no torso de Paole, quando ele - "...então soltou um gemido perceptível e sangrou copiosamente."


Tudo ficou em paz por cerca de cinco anos. Infelizmente, o vampiro Paole também andou chupando bezerros durante sua violência. Conforme o gado contaminado amadurecia e era abatido, aqueles que consumiam a carne também eram infectados, resultando em até 17 novos vampiros.


Um especialista em doenças contagiosas, Flückinger sistematicamente ordenou exumações e conduziu autópsias em todos os suspeitos. No interesse de prevenir uma epidemia e mais pânico na aldeia ele buscou uma explicação científica para suas mortes repentinas e as aparentes anomalias em decomposição.


Mais uma vez, ele não conseguiu encontrar nenhuma evidência de doenças conhecidas. A hipótese popular superou a ciência como o diagnóstico mais plausível. Flückinger classificou cada um dos cadáveres diante dele como em decomposição ou não corrompido. Dadas suas lealdades imperiais, não é surpreendente que ele tendesse a rotular os forasteiros -turcos ou camponeses- como vampiros e os tratasse da maneira tradicional. Os que vinham de famílias húngaras mais ricas foram discretamente reenterrados em solo consagrado.


Em janeiro de 1732, o relatório de Flückinger, "Visum et Repertum" ("Visto e Relatado") gerou outro furor. O debate grassou nos círculos acadêmicos, religiosos e da corte sobre a natureza dessas chamadas epidemias de vampiros.


Os vampiros poderiam ser reais? Os cidadãos precisavam temer os carniçais sugadores de sangue que pudessem atacá-los em suas camas? Nesse caso, era seguro morar perto de um cemitério? Deveriam, como Lewis havia sugerido há muito tempo, enterrar os mortos com segurança em cemitérios de paredes altas fora dos limites da cidade?


A questão não foi posta de lado até 1746, quando o estudioso do Vaticano, Dom Augustin Calmet, concluiu em suas "Dissertations sur les apparitions" que, escrituras à parte, ninguém estava se levantando da sepultura. Ele classificou os vampiros como criaturas da imaginação, ao invés de uma ameaça imediata.


A conclusão de Calmet coincidiu com o nascimento do movimento de reforma dos cemitérios, especialmente na França. Se os mortos em fuga não eram animados por forças sobrenaturais, medidas sensatas e práticas seriam suficientes para manter os cadáveres confinados em suas tumbas.


Enquanto isso, planejadores urbanos, como Christopher Wren, de Londres, defendiam cemitérios fora dos limites da cidade já em 1708, Paris liderava o caminho legislativo, restringindo enterros em igrejas e cemitérios urbanos em 1765. Em 1780, o notório Cemitério dos Inocentes no centro de Paris, que vivia vazando defuntos, foi fechado e esvaziado. Os restos mortais foram enterrados novamente em catacumbas.


A visão de Lewis de cemitérios sanitários foi finalmente realizada nos cemitérios de jardim do século XIX. Père Lachaise foi o primeiro, inaugurado fora de Paris em 1804. Com os entes queridos mortos agora protegidos da vista e da mente, o medo, antes real, das pessoas de cadáveres saqueadores desapareceu no passado.


Os vampiros, graças ao seu novo status ficcional, prosperaram ao longo do século XIX. Eles foram reivindicados na literatura romântica como figuras efêmeras e liminares, encontrando um lar natural em meio aos elegantes monumentos das novas necrópoles. Eles se desfizeram de sua antiga identidade como carniçais mal conscientes rastejando na lama fétida de túmulos urbanos e se levantaram novamente como sedutores sobrenaturais e superiores em seus chiques castelos, a posição que eles conquistaram no senso popular até hoje.


Fonte: Metamorfose Digital

As montanhas Kong, a cordilheira inexistente que esteve nos mapas por um século




Os cumes das Montanhas Kong tocavam o céu e, segundo alguns testemunhos, permaneciam cobertos de neve durante grande parte do ano, apesar de se encontrarem nos trópicos.


Do fim do século 18 a até boa parte do século 19, essa imponente cordilheira ocupou lugar de destaque em muitos mapas da África, aparecendo como uma barreira intransponível no oeste do continente, capaz de desviar o curso dos rios.


Mas essa cadeia de montanhas que durante décadas foi considerada real e deu asas à imaginação de geógrafos e viajantes europeus não existe.


Tampouco existia, é claro, quando apareceu nos mapas.


Um 'fantasma da história'
As montanhas Kong são um dos "grandes fantasmas da história da cartografia", conforme aponta o jornalista Simon Garfield em seu livro On the map, que dedica um capítulo à lendária cordilheira e à forma como esta mentira geográfica sobreviveu quase cem anos.


O primeiro a descrever as inexistentes montanhas Kong foi o explorador escocês Mungo Park, que viajou ao interior dos atuais Senegal e Mali entre 1795 e 1797 em busca das nascentes do rio Níger, um dos grandes mistérios da geografia africana para os europeus daquela época.


O relato da sua jornada foi publicado em Londres, em 1799, com um apêndice ilustrado pelo cartógrafo inglês James Rennell, em cujos mapas as montanhas Kong tomaram forma pela primeira vez como um grande maciço montanhoso que se estendia ao longo do paralelo 10 por boa parte da África Ocidental.


Seu nome remetia à cidade de Kong, capital do império homônimo que prosperou durante os séculos 18 e 19 na atual Costa do Marfim.


Uma miragem ou uma invenção?
É difícil saber se Mungo Park realmente acreditou ter visto a cordilheira ou apenas a inventou.


"Provavelmente ele viu uma miragem, ou talvez algumas nuvens que pareciam montanhas. Então perguntou a viajantes e mercadores se havia uma cadeia de montanhas naquela direção, e disseram a ele que sim", avalia Thomas Bassett, professor emérito de Geografia na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, e coautor do artigo As Montanhas Kong na cartografia da África Ocidental.


"No entanto, eu diria que a sua origem se deve realmente a James Rennell. Como defendo no meu artigo junto a meu colega Philip Porter, o surgimento das montanhas Kong deve ser compreendido no contexto amplo do debate teórico sobre o curso do rio Níger."




Gravura de ponte sobre o rio Níger; para pesquisador, a história das montanhas Kong é inseparável do debate sobre o curso desse rio



"Havia muitas teorias conflitantes (sobre o curso do rio), e a representação de Rennell das montanhas Kong está relacionada à sua própria hipótese", acrescenta Bassett.


O mistério das nascentes do Níger
Rennell, um dos geógrafos mais respeitados de sua época, argumentava que o Níger fluía em direção a leste e penetrava no continente africano, se afastando do Oceano Atlântico, e depois evaporava em uma espécie de delta interior.


A existência das montanhas Kong validava sua teoria: aquela barreira intransponível impedia que o rio corresse para o sul até o Golfo do Benin, como realmente acontece.


A partir do momento em que as ilustrações de Rennell foram divulgadas, a grande maioria dos mapas comerciais da África até o fim do século 19 reproduziu sua visão do continente e incluiu as montanhas Kong.


A cordilheira, talvez por sua natureza irreal, foi adquirindo formas e extensões variáveis ​​de acordo com o gosto e a imaginação de quem a desenhava.


Eldorado da África Ocidental
Em alguns mapas, as montanhas Kong chegaram a atravessar todo o continente africano de leste a oeste, como um muro que separava o deserto do Saara do sul do continente.


Não faltavam descrições detalhadas que atribuíam a elas um tom azulado e uma "altura formidável", além de relatos que asseguravam que suas terras eram áridas, mas ricas em ouro.




Popularizou-se ainda a ideia de que eram uma espécie de "Eldorado da África Ocidental", a misteriosa fonte de riqueza do Império Ashanti, localizado na atual Gana.


A lenda não parou de crescer até que, em 1889, o militar francês Louis-Gustave Binger relatou sua viagem ao longo do rio Níger perante a Sociedade Geográfica de Paris. Sua conclusão: as montanhas Kong não existiam.


Desde então, da mesma forma como apareceu, a cordilheira desapareceu dos mapas.


As lições das montanhas Kong
Sua "existência", no entanto, vai além de uma curiosidade histórica: levanta uma série de questões sobre a precisão dos mapas e os interesses de quem os cria.


"A lição das montanhas Kong é basicamente que devemos ser leitores críticos de mapas. Temos que nos fazer perguntas sobre o contexto em que foram feitos e por que motivos foram criados. Sem levar isso em consideração, não é possível entender um mapa", sugere Bassett.




O geógrafo destaca o fato de que as montanhas Kong ilustradas por Rennell surgiram em uma época em que já era atribuído rigor científico aos mapas, que eram interpretados como representações fiéis da realidade.


"Antes do século 18, havia mapas com todos os tipos de acidentes geográficos fantásticos e imaginários. Por exemplo, no século 16, o cartógrafo Ortelius retratou as nascentes do Nilo em dois grandes lagos no sul da África. As montanhas Kong são excepcionais no sentido de que aparecem nos mapas após o século 18, quando se supunha que já eram científicos", afirma Bassett.


Essa presunção de veracidade da cartografia, junto ao prestígio de um geógrafo como James Rennell e da indústria editorial europeia, explica por que a cordilheira inventada durou tanto tempo sem ter sua existência questionada.


Os interesses por trás dos mapas
O desmentido oficial de Binger, quase um século depois, também foi condicionado por interesses europeus. A descoberta de que as montanhas Kong não existiam encorajou a política expansionista da França na África Ocidental.


Nos despachos dos governos europeus no fim do século 19, os mapas — mais do que motivo de discussão geográfica — se tornaram ferramentas indispensáveis para materializar as aspirações colonialistas.


"Ao longo do século 19, gradualmente, vimos reinos e feudos africanos se tornarem colônias europeias. Os mapas políticos do século 19 se sobrepõem à geografia física. Isso explica as diferenças entre os mapas britânicos, franceses e portugueses. Não estão apenas descrevendo territórios, estão reivindicando-os", diz Bassett.


"Esses mapas são, como alguns historiadores apontam, retóricos, levantam discussões sobre o mundo. O caso das montanhas Kong é um exemplo de todas essas questões."




Uma história que ecoa mais de um século depois, numa época em que é possível espiar as ruas de qualquer cidade do mundo por meio de uma tela, e os mapas mais detalhados cabem no bolso graças ao celular.


Fontes: BBC e Wikipédia

As sinistras 'pedras da fome' reveladas em rios da Europa após período de seca



Comuns na Europa central, as "pedras da fome" são rochas nos leitos dos rios que só são visíveis quando os níveis de água estão extremamente baixos.


Populações que viviam entre os séculos 15 e 19 onde hoje estão países como Alemanha e República Tcheca deixaram marcos nessas pedras com mensagens sobre as catástrofes desencadeadas pela falta de água e lembranças das dificuldades sofridas durante as secas.


Esses registros históricos servem como marcos para secas na região, pois muitos dos registros contém a data em que foram realizados.


A inscrição mais antiga encontrada na bacia do rio Elba (que nasce na República Tcheca, corre pela Alemanha e deságua no Mar do Norte) data de 1616 e está em alemão. Ela diz wenn du mich siehst, dann weine, que pode ser traduzido para o português como "se você me vir, chore".



Essa pedra específica é particularmente famosa porque os habitantes da região esculpiram as datas de secas severas em sua superfície. De acordo com um estudo publicado em 2013 por uma equipe tcheca, os anos 1417, 1616, 1707, 1746, 1790, 1800, 1811, 1830, 1842, 1868, 1892 e 1893 podem ser lidos na pedra.


Na cidade de Pirna, na Alemanha, há um registro nos arquivos da cidade que aponta a existência de uma pedra com o ano 1115 gravado, mas a localização exata desse marco não é mais conhecida.


"A vida florescerá novamente quando esta pedra desaparecer", diz outra das rochas esculpidas.


"Quem uma vez me viu, chorou. Quem me vê agora vai chorar", está gravado em outra.


"Se você vir essa pedra de novo, vai chorar. A água estava baixa até aqui no ano de 1417", diz outra.


Pedras que anunciam pobreza
Períodos de seca eram ainda mais graves no passado do que hoje em dia, porque as pessoas tinham muito menos recursos logísticos e tecnológicos para driblá-los. Níveis tão baixos de água significavam pobreza e carestia para muitas cidades e povoados.



No passado, a área da Europa Central, que inclui partes da Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Áustria e Hungria, dependia das terras férteis ao longo das margens dos rios para produzir alimentos.


A seca arruinava as plantações e tornava difícil ou impossível a navegação nos rios por onde chegavam alimentos, suprimentos de todos os tipos e carvão para cozinhar, ameaçando o sustento das famílias que viviam ao longo da margem dos rios.


Então, depois das secas, vinham as fomes – por isso as pedras são conhecidas como hungersteine (pedras da fome) na Alemanha.


As pedras se tornaram visíveis diversas vezes ao longo do século 20, incluindo em 1918 em um período que coincidiu com a crise gerada pela Primeira Guerra Mundial. Também há marcos em diversas pedras dos anos 1904, 1928, 1963.



Nos últimos anos – 2003, 2015, 2018 – o fenômeno da seca em intervalos muito curtos tornou-se a manifestação mais proeminente das mudanças climáticas na Europa Central.


Lembranças do passado
Uma das cidades a expor mais pedras – doze – é Děčín, no norte da República Tcheca, onde o rio Ploučnice deságua no rio Elba, muito perto da fronteira com a Alemanha.


Outra pedra da fome está em exibição no museu da cidade de Schönebeck, na Alemanha. É uma antiga lápide que ficava em uma bacia portuária e na qual foram esculpidos níveis de água particularmente baixos.


Em 1904 a água ali baixou para 47 cm e a visibilidade da pedra indicava aos navios que o nível não era suficiente para navegar.


Além das pedras, várias bombas não detonadas da Segunda Guerra Mundial foram encontradas no leito do rio.



A maioria das "pedras da fome" são encontradas no rio Elba, mas também há rochas do tipo no rio Reno, no Mosela e no Weser, todos na Alemanha.


Seca extrema
Nas últimas semanas, a França e a Espanha tiveram que fazer racionamento de água devido a uma seca severa.


O governo francês declarou que o país enfrenta a pior seca da história.


Fonte: BBC

Cientistas afirmam que, por alguns segundos, temos consciência da nossa morte após morrer



Nas últimas décadas, os cientistas têm estudado experiências de quase morte (EQMs) na tentativa de obter explicações sobre como a morte supera o cérebro. Algumas pessoas que têm EQMs podem relatar mais tarde, com precisão, o que estava acontecendo ao seu redor, mesmo que os profissionais médicos as considerassem clinicamente mortas ou inconscientes no momento. Embora os mecanismos exatos por trás das EQMs permaneçam obscuros, pesquisas sugerem que permanecemos conscientes por cerca de dois a 20 segundos depois que nossa respiração e batimentos cardíacos param.


A hora da morte é considerada quando uma pessoa entra em parada cardíaca, que é a cessação do impulso elétrico que impulsiona o batimento cardíaco. Como resultado, o coração trava. Este momento em que o coração para é considerado pelos profissionais médicos como a indicação mais clara de que alguém morreu. Mas o que acontece dentro da nossa mente durante esse processo? A morte supera imediatamente nossa experiência subjetiva ou ela se insinua lentamente?


Como dizíamos, os cientistas estudaram as EQMs na tentativa de entender como a morte supera o cérebro. O que eles descobriram é notável: uma onda de eletricidade entra no cérebro momentos antes da morte cerebral. Um estudo de 2013, que examinou sinais elétricos dentro da cabeça de ratos, descobriu que os roedores entraram em estado de hiperalerta pouco antes da morte.


Alguns cientistas estão começando a pensar que as EQMs são causadas pela redução do fluxo sanguíneo, juntamente com um comportamento elétrico anormal dentro do cérebro. Assim, o túnel estereotipado de luz branca pode derivar de um aumento na atividade neural. O Dr. Sam Parnia é o diretor de cuidados intensivos e pesquisa de ressuscitação, na Escola de Medicina da NYU Langone, em Nova York. Ele e seus colegas investigaram exatamente como o cérebro morre.


Em trabalhos anteriores, Parnia conduziu estudos em animais analisando os momentos antes e depois da morte. Ele também investigou experiências de quase morte.


- "Muitas vezes, aqueles que tiveram essas experiências falam sobre flutuar pela sala e estar ciente da equipe médica trabalhando em seu corpo", disse Parnia. - "Eles descrevem a observação de médicos e enfermeiros trabalhando e descrevem ter consciência de conversas completas, de coisas visuais que estavam acontecendo, que de outra forma não seriam conhecidas por eles."


A equipe médica confirma isso depois. Mas como as pessoas que estavam tecnicamente mortas poderiam estar cientes do que está acontecendo ao seu redor? Mesmo depois que nossa respiração e batimentos cardíacos param, permanecemos conscientes por cerca de dois a 20 segundos, disse Parnia. Esse é o tempo que se pensa que o córtex cerebral dura sem oxigênio. Esta é a parte de pensamento e tomada de decisão do cérebro. Também é responsável por decifrar as informações coletadas de nossos sentidos.


De acordo com Parnia, durante esse período, - "...você perde todos os seus reflexos do tronco cerebral, seu reflexo de vômito, seu reflexo pupilar, tudo isso se foi." As ondas cerebrais do córtex cerebral logo se tornam indetectáveis. Mesmo assim, pode levar horas para o nosso órgão de pensamento desligar completamente.


Normalmente, quando o coração para de bater, alguém realiza Reanimação cardiorrespiratória (RCP). Isso fornecerá cerca de 15% do oxigênio necessário para realizar a função cerebral normal.


- "Se você conseguir reiniciar o coração, que é o que a RCP tenta fazer, gradualmente começará a fazer o cérebro funcionar novamente", disse Parnia. - "Quanto mais tempo você fizer RCP, essas vias de morte das células cerebrais ainda estão acontecendo, mas em um ritmo um pouco mais lento."


Outra pesquisa do Dr. Parnia e seus colegas examinaram o grande número de pessoas que sofreram parada cardíaca e sobreviveram.


- "Da mesma forma que um grupo de pesquisadores pode estar estudando a natureza qualitativa da experiência humana do 'amor', estamos tentando entender as características exatas que as pessoas experimentam quando passam pela morte", explicou ele. - "Porque quando entendermos, isso vai refletir a experiência universal que todos teremos quando morrermos."


Um dos objetivos é observar como o cérebro age e reage durante a parada cardíaca, tanto no processo de morte quanto no de renascimento. Quanto oxigênio exatamente é necessário para reiniciar o cérebro? Como o cérebro é afetado após o avivamento? Aprender onde as linhas são desenhadas pode melhorar as técnicas de ressuscitação, que podem salvar inúmeras vidas por ano.


- "Ao mesmo tempo, também estudamos a mente e a consciência humanas no contexto da morte", disse Parnia. - "Queremos entender se a consciência se torna aniquilada ou se continua depois que você morre por algum período de tempo, e como que se relaciona com o que está acontecendo dentro do cérebro em tempo real."


As experiências de quase morte muitas vezes são descartadas pela literatura filosófica como sendo o subproduto de um cérebro bugado. Mas nos últimos anos, a grande profundidade e variedade dos estudos de EQM significa que eles não podem mais ser ignorados. Eles são comuns o suficiente e anormais o bastante para exigir nossa atenção.


No mínimo, as EQMs revelam que nosso cérebro (novamente) é um quebra-cabeça misterioso e complicado que estamos apenas começando a desvendar. No máximo, eles podem nos permitir espiar por trás da cortina para ver o mundo espiritual em primeira mão.


Fonte: Mdig

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

A bela adormecida do Monte Everest


Convido os amigos e amigas a conhecerem a história de Francys Distefano-Arsentiev, uma alpinista que perdeu a vida durante após alcançar o topo do mundo e acabou conhecida como "A bela adormecida do Everest". Francys Distefano-Arsentiev é a primeira mulher a chegar ao cume do Everest sem uso de oxigênio auxiliar, mas o esforço cobrou seu preço na descida.


Existem pessoas que não se satisfazem com uma rotina comum e estão sempre em busca de novos desafios. Correr uma ultra maratona, completar um Ironman, atravessar um país de bicicleta. Não faltam opções para quem deseja superar seus limites, levando corpo e mente ao extremo.


Essa opções são as mais populares, mas, com tempo e dinheiro suficientes, as possibilidades são quase infinitas. Uma delas é atingir o pico do Monte Everest, o mais alto do mundo. Chegar até lá é um desafio para poucos, pois, além do preparo físico, é preciso ter muita determinação para suportar o ar rarefeito e as temperaturas congelantes, que podem atingir 160 graus abaixo de zero!


Não foram poucos os alpinistas que perderam a vida durante a escalada, mas mesmo assim Francys Distefano-Arsentiev resolveu tentar a façanha de alcançar o cume sem o auxílio de oxigênio suplementar. Seu destino foi trágico, mas a forma como ela foi encontrada por outros alpinistas não foi nada usual.


Bela adormecida

No ano do desafio, 1998, Francys Distefano-Arsentiev tinha 40 anos de idade e não era uma alpinista profissional, apesar de ser esposa do famoso montanhista russo Sergei Arsentiev, conhecido por ter escalado as cinco montanhas mais altas de seu país natal. Juntos, eles decidiram que tentariam chegar ao cume do Everest sem o uso de oxigênio suplementar.




A montanha não possui fama de desafiadora à toa, pois é muito difícil prever as condições do tempo durante o trajeto. Ao longo do processo de subida, os aventureiros sempre se lembram do tamanho da empreitada, visto que são obrigados a passar pelos corpos de alpinistas que sucumbiram no caminho por diversos motivos.





O acesso é tão difícil e as condições tão adversas que o resgate das vítimas é algo muito complicado, por isso elas são deixadas onde não tiveram mais forças para prosseguir. A temperatura e o ar rarefeito fazem com que não entrem em estado de decomposição, servindo como um alerta para quem está querendo chegar ao teto do mundo.


O casal conseguiu realizar o feito e atingiu o topo, mas durante a descida algum problema fez com que eles se tornassem mais dois entre os mortos no local. Ela foi encontrada por outro casal; Ian Woodall e Cathy O’Dowd ficaram chocados ao identificarem a jaqueta roxa que tinham visto mais cedo no campo-base.


Ian e Cathy se aproximaram e confirmaram que era mesmo a mulher, lembrando como ela dizia não ser uma alpinista frequente e como sentia falta de sua casa e seu filho. Deitada na neve, a condição dela era muito diferente, apresentando uma pele branca e dura, levando Ian a descrever Francys como uma “bela adormecida”, expressão que foi utilizada extensivamente pela imprensa na divulgação do acidente.


Apesar de tudo, ela ainda não estava morta e balbuciava as frases “não me deixe”, “por que estão fazendo isso comigo?” e “sou americana” de forma repetitiva, como se tivesse entrado no modo automático. As condições do tempo começaram a piorar cada vez mais e, infelizmente, o casal não teve opção, a não ser deixar Francys para trás.




A atitude pode parecer egoísta, mas, em uma situação tão extrema, tentar ajudar alguém pode ser como assinar sua própria sentença de morte. O corpo do marido de Francys foi encontrado em outro local, um ano após o ocorrido, provavelmente tentando buscar ajuda depois de sua esposa sucumbir.




A imagem da mulher congelada se manteve na memória de Ian Woodall; por isso, quase 10 anos depois, em 2007, ele resolveu proporcionar um enterro digno para Francys. Ele e uma equipe conseguiram localizar o corpo dela e o envolveram na bandeira americana. Outra atitude tomada por eles foi a remoção de Francys do caminho usual dos alpinistas, para que ela pudesse descansar em paz sem mais fotos suas surgindo na internet.




Fonte: MegaCurioso