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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Quais os atos mais bizarros cometidos pela igreja católica na idade média?

O sínodo dos cadáveres 897


Bula papal autorizando a escravidão emitida pelo papa Nicolau V em 1452


Instituição da inquisição e morte na fogueira


Condenação de Joana D'Arc a morte


Perseguição aos valdenses


Criação de um manual de caça às bruxas

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A Madre Teresa era boa ou má?

Assim como todas as pessoas, ela era uma mistura de bondade e maldade, luz e escuridão.


Ela dedicou sua vida vivendo na pobreza, mas viajou o mundo em um jato particular dado a ela por um político corrupto, um jato que ela se recusou a devolver, mesmo quando a polícia dos Estados Unidos a alertou que o jato havia sido comprado com dinheiro desviado.

Ela cuidava dos doentes e dava abrigo quando ninguém mais o fazia, mas se recusava a dar-lhes até mesmo uma aspirina, porque acreditava que o sofrimento era nobre.

Ela ensinou compaixão e caridade, mas passou algum tempo apoiando alguns dos ditadores mais violentos e brutais da última metade do século XX. Ela era uma fervorosa defensora do ditador haitiano Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, chegando a dizer que ele "amava os pobres", mesmo quando este roubou dezenas de milhões de dólares de algumas das pessoas mais pobres do planeta.

Ela renunciou ao dinheiro, mas testemunhava como uma testemunha de caráter para os católicos ricos com problemas legais, desde que esses lhe pagassem taxas (quantias consideráveis). Um deles foi Charles Keating, que pagou a ela milhões de dólares para testemunhar em seu nome em seu julgamento de peculato.

Acredito que, no final, ela provavelmente acreditasse que estava fazendo um bom trabalho e, genuinamente, enxergava seus vários compromissos e associações obscuras em prol de uma causa justa e nobre. Assim os foram? Eu particularmente penso que não, mas acredito que ela pensava de outra forma.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Lutero e a Igreja da Etiópia


*Esse texto é uma tradução, original encontra-se aqui

Em 2017 comemorou-se os 500 anos do início da Reforma Protestante na Alemanha, ao redor do Brasil e do mundo houveram muitas comemorações, encontros e palestras a respeito desse tema. Porém, a maioria desses encontros e dos livros feitos a respeito da Reforma o fazem sem fazer nenhuma referência aos cristãos africanos.

Esse silencio é profundo, e eu gostaria de quebrá-lo mostrando-lhe conexões entre a Etiópia, a Reforma e Lutero.

Lutero deu inicio a Reforma em 1517, mas iniciou aquele ano fascinado pelo cristianismo etíope, o que pode ser surpresa pra muitos cristãos hoje, até mesmo acadêmicos, tão acostumados a discutirem Lutero e a Reforma Protestante como questões singularmente europeias.

Mas Lutero estimava a Igreja da Etiópia porque ele via a Etiópia como a primeira nação a se converter ao Cristianismo.

Localizado longe da orbita da Igreja Católica Romana, esse primeiro reino cristão, de acordo com Lutero, serviu como um irmão mais velho, mais sábio e negro dos reinos cristãos brancos da Europa.

Em certo sentido, a Igreja da Etiópia foi o “sonho” para Lutero, a verdadeira precursora do Protestantismo. Como uma igreja antiga com ligações diretas com os Apóstolos, a Igreja da Etiópia conferiu legitimidade a visão protestante emergente de uma igreja fora da autoridade do papado Católico Romano.

Como uma precursora da Reforma, a Igreja da Etiópia incorporou a mensagem do evangelho de forma mais robusta e fiel.

Cristãos etíopes praticavam elementos de fé ausentes no Catolicismo, elementos que os protestantes adotariam mais tarde: pão e vinho na Ceia, leitura da bíblia na língua local e o casamento permitido aos membros do clero. Ausente do cristianismo etíope estavam as práticas que os protestantes rejeitariam: a primazia do papa, indulgencias, purgatório e casamento como um sacramento.

O fascínio teológico de Lutero pelo Cristianismo etíope ascendeu em 1534 em seu diálogo face a face como um clérigo etíope, Michael the Deacon (ou, talvez, Miguel, o diácono), no qual Lutero testou seu retrato teológico da Igreja etíope.

Lembrando do diálogo com o Diácono, Lutero mais tarde afirmou: “Nós também aprendemos com ele, que o rito que nós observamos na Ceia do Senhor e na Missa, concorda com a Igreja Oriental.(…) Por essa razão nós pedimos que as boas pessoas demonstrem amor cristão a este visitante (Etíope).


Foto de Michael, o Diácono.


De sua parte, depois de interpretar os artigos de Lutero sobre a fé cristã, o diácono proclamou: “Este é um bom credo de fé.”

Lutero estendeu uma comunhão plena com o Diácono e a Igreja da Etiópia, um convite que Lutero negou aos irmãos da Boemia(os hussitas) e as igreja reformadas conectadas a Zuinglio.

Em seu diálogo com o Diácono, Lutero deve ter ficado emocionado ao saber que aquilo que ele redescobriu nas escrituras já estava presente na igreja da Etiópia.

Sua reforma não foi meramente baseada na igreja primitiva que existia na sua imaginação. Para Lutero, a igreja etíope foi a prova histórica que a reforma tinha uma clara base bíblica e histórica.

A revelação que o cristianismo etíope tem possíveis ligações com a Reforma Protestante muda toda a perspectiva de que esta foi um fenômeno particularmente europeu.

O reconhecimento de que essa troca transcultural de visões moldou o início do protestantismo derruba a narrativa de que a Reforma foi um produto apenas da Civilização Ocidental.

Ao reconhecer a contribuição do cristianismo etíope a Reforma Protestante, podemos nos juntar a Lutero, reconhecendo os cristãos etíopes como precursores da Reforma.

Fonte:https://thinkagoodname.wordpress.com/2019/01/19/lutero-e-a-igreja-da-etiopia/


segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Conheça as etapas de um ritual de exorcismo?




Muita gente acredita que essa história de expulsar forças malignas do corpo de alguém é o tipo de coisa que só se vê em filmes de terror. Afinal, Hollywood não se cansa de explorar — e capitalizar com — o tema, tendo produzido um sem fim de longas, como “O Exorcismo de Emily Rose”, “O Último Exorcismo”, “O Ritual” e o clássico “O Exorcista”, sendo que muitos deles inclusive vêm acompanhados com o alerta: baseado em uma história real.


No entanto, os rituais de exorcismo são levados muito a sério e vêm sendo realizados há séculos. A ideia de que entidades são capazes de invadir os corpos dos crentes é originária principalmente do judaísmo e cristianismo e, basicamente, o exorcismo é realizado por um sacerdote para expulsar o demônio de uma pessoa, objeto ou local.


Existem outras crenças que aceitam a noção de possessão — especialmente de pessoas — tanto do bem como do mal por determinados períodos de tempo, e isso não tem uma conotação necessariamente negativa. Já o ritual que normalmente vemos retratados em filmes de terror é apenas um dos vários que são conduzidos pela Igreja Católica.


Entre os diferentes tipos estão o exorcismo batismal, realizado para abençoar uma criança antes do batismo para livrá-la do mal resultante do pecado original; o simples, feito para bendizer um local ou objeto e libertá-lo da influência do mal; e o real, que é o praticado em pessoas que estão possuídos por demônios.


Na matéria abaixo falaremos dos principais passos do ritual criados inicialmente em 1614 e redefinidos pela Igreja em 1999.

As etapas para realizar um exorcismo


1. Antes de mais nada, será que um exorcismo é mesmo necessário? Atualmente, o discurso da Igreja é tentar descartar casos de mero problema mental ou fraude. Os padres devem procurar a ajuda de médicos e psicólogos simpáticos à fé católica. Nos EUA, pede-se até que o fiel a ser exorcizado assine um termo de consentimento.


2. Se o problema é realmente espiritual, o padre ainda deve solicitar outra autorização: a do bispo a que está subordinado. Essa é uma das primeiras regras definidas no Rituale Romanum (“Ritual Romano” clique AQUI para saber mais sobre esse ritual), espécie de manual que padroniza os ritos sagrados da Igreja. Sua seção dedicada à prática do exorcismo foi revisada e reescrita recentemente, em 1999.


3. O sacerdote deve se vestir apropriadamente, usando a sobrepeliz (uma veste branca usada por cima da batina propriamente dita) e a estola roxa. A cor simboliza penitência e conversão – só é utilizada normalmente ao longo do ano durante a quaresma e os quatro domingos antes do Natal .


4. A vítima, se for violenta, pode ser amarrada, com o devido cuidado para não machucá-la. O exorcista começa o ritual abençoando-a, primeiro com o sinal da cruz e depois com água benta. Ele também concede essas bênçãos a si mesmo e a todos os outros presentes (familiares e pessoas próximas podem ou não acompanhar o processo).


5. A primeira fase da cerimônia é dedicada a invocar os poderes “do Bem” concedidos à Igreja por Deus, Jesus Cristo e os santos. Para isso, são rezados a chamada Ladainha de Todos os Santos (em que os principais santos recebem o pedido “intercedei por nós”) e o Salmo 53, que pede que Deus salve o fiel de inimigos malignos.


6. Após esse momento o ritual tem início de fato, o sacerdote manda a entidade declarar seu nome e deixar o corpo da pessoa.


7. Em alguns casos o invasor se recusa a deixar a vítima. Segundo exorcistas experientes, cada caso é diferente. Há demônios que soltam gritos assustadores, zombam do exorcista, tentam atacar o padre e outros ao redor ou mesmo que fingem ter partido, deixando até que sua vítima receba a comunhão.


Como sacerdotes católicos se qualificam para a prática
Introdução – Há poucos cursos específicos para essa área na Igreja Católica. Seminaristas não aprendem técnicas de exorcismo em seu currículo normal, embora sejam familiarizados com a doutrina teológica da Igreja sobre a existência e a atuação de Satanás e seus asseclas.


Preparação – Nem todo sacerdote está qualificado para sair por aí combatendo o capeta. Ele tem de obter “distinção em piedade, conhecimento, prudência e integridade de vida”. Católicos leigos não devem se arriscar.


Graduação – Em 2005, a Associação Internacional de Exorcistas, criada por sacerdotes italianos, organizou o primeiro curso de nível universitário na área, em Roma. No currículo, aulas de teologia focada em demônios, medicina, psicologia e sociologia dos cultos satânicos.


Mercado de trabalho – Como seria de imaginar, há uma relativa falta de exorcistas. Para remediar o problema, em 2004 a Congregação para a Doutrina da Fé, um dos órgãos da Igreja, ordenou que cada diocese designasse seu exorcista “oficial”.


O que afirmam os céticos

De acordo com Michael Cuneo, um pesquisador que viajou o mundo e assistiu a mais de 50 rituais de exorcismo, em nenhum deles ele presenciou qualquer evento sobrenatural — como corpos levitando, cabeças girando ou arranhões satânicos aparecendo de repente na pele — ou que não pudesse ser explicado. Segundo disse, na maioria dos casos, os envolvidos (possessos e exorcistas) eram pessoas profundamente perturbadas emocionalmente.


Conforme apontam os céticos, geralmente os exorcismos são praticados em pessoas com fortes convicções religiosas, portanto, existe uma grande discussão com respeito ao fato de que a psicologia e o poder da sugestão têm um importante papel no ritual. Sendo assim, se o afetado estiver convencido de que está possuído e de que o exorcismo vai funcionar, então é provável que funcione mesmo.


Com respeito aos sinais de possessão, os “descrentes” apontam a epilepsia, a síndrome de Tourette e a esquizofrenia como alguns dos possíveis culpados. Como você sabe, a epilepsia provoca crises caracterizadas pelo enrijecimento do corpo, grunhidos, salivação espumosa e revirar de olhos e cabeça.


Já a síndrome de Tourette provoca o movimento involuntário de algumas partes do corpo e a exteriorização verbal, frequentemente na forma de palavras obscenas. Por último, a esquizofrenia está associada ao surgimento de alucinações visuais e auditivas, paranoia, distanciamento da realidade e comportamento violento. Esses sintomas todos parecem familiares?


Controvérsias

Existem vários perigos associados à crença sobre a possessão demoníaca — e à interpretação equivocada de um sintoma que não tem nada de sobrenatural. Um exemplo disso é o caso de um garoto de 8 anos de idade que sofria de autismo e acabou falecendo durante um ritual de exorcismo por que os membros de sua congregação acreditavam que o demônio era o culpado por sua condição.


Outro caso conhecido foi o de uma freira na Romênia que morreu depois de ser presa a uma cruz, amordaçada e deixada durante vários dias sem comida ou água em um esforço para expulsar os demônios que habitavam seu corpo. A pobre mulher tinha apenas 23 anos e provavelmente sofria de esquizofrenia. Além disso, no Natal de 2010, um garoto britânico de 14 anos foi espancado e afogado por familiares que tentavam exorcizar espíritos malignos.


Fontes: SuperInteressante e MegaCurioso

sábado, 9 de dezembro de 2023

Modelo eleito como homem mais bonito da Itália anuncia que vai virar padre





Edoardo Santini disse que quer virar sacerdote e está fazendo um curso preparatório para se juntar a um seminário

O modelo Edoardo Santini, que chegou a ser eleito o homem mais bonito da Itália em 2019, decidiu virar padre. O modelo anunciou a novidade no seu aniversário de 21 anos.

Em um vídeo publicado no dia 23 de novembro para comemorar seu aniversário, o italiano revelou sua vontade de ser da Igreja e virar um sacerdote.

“Estou no caminho de me tornar, se Deus quiser, sacerdote”, afirmou Edoardo.

“Nos últimos anos tive a oportunidade de conhecer alguns jovens que, ao me mostrarem o que significa ser igreja, me deram forças para investigar esta questão que carrego comigo desde pequeno, mas que vários medos me impediram de aprofundá-los”, completou.

Fonte:cnn




segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

O papa está errado sobre a pena capital?

O Papa Francisco, como seus antecessores nesse cargo, está dando declarações amplas acerca de questões políticas e morais sobre temas recentemente, desde a pena capital até à catastrófica mudança climática provocada pelo homem.


Do que consigo deduzir sobre as ideias dele acerca desses assuntos, os sentimentos dele são fortes, há pouca ambiguidade em suas convicções, mas não existe quase nenhum argumento intelectual ou moral oferecido para apoiar suas opiniões.
Vamos pegar a questão da pena capital, por exemplo.
Ele disse recentemente que não há mais justificativa para a pena de morte no mundo hoje. Ele a chamou de “inadmissível, independente da gravidade do crime.” Mas o papa vai mais longe nisso. Ele também caracterizou sentenças de prisão perpétua como “pena de morte disfarçada” e confinamento solitário como uma “forma de tortura,” dizendo que deveriam ser abolidos.
Os comentários dele levantam várias questões para o público considerar antes de responder automaticamente ao apelo emocional de tais declarações:
·         O que exatamente deveríamos fazer com pessoas que comentem crimes hediondos, tais como assassinato em massa de inocentes, inclusive crianças e indefesos idosos e enfermos?
·         Qual é o castigo apropriado para atos de genocídio?
·         Já que o papa tem tal ódio da “tortura,” o que ele sugeriria como sentença apropriada para alguém que estupra crianças e as mata para evitar a descoberta de seus crimes?
·         E, por último, de que fonte o papa obtém suas convicções morais acerca de tais assuntos, considerando que a Bíblia claramente aprova a pena de morte por assassinato?
É fácil fazer condenações amplas da pena de morte como um líder religioso para ganhar louvores de milhões como um moralista. É como se declarar a favor da paz mundial. O problema surge quando consideramos as alternativas — uma das quais, prisão perpétua, o papa chama de imoral.
Posso, de forma humilde e respeitosa, sugerir que deveríamos esperar um pouco mais do papa do que declarações de banalidades morais? Afinal, vivemos num mundo caído, conforme presumo que o papa reconhece. Não existe justiça perfeita neste planeta. Mas Deus, na Bíblia, nos ofereceu algumas normas práticas, e até mandamentos, sobre como o homem deve se governar em nossa condição caída. Francamente, vejo pouca conexão entre o que o papa sugere e o que Deus ordena.
Acima de tudo, a pena de morte está na Bíblia. Não sei sobre você, mas obtenho minhas ideias sobre certo e errado da Bíblia.
Desafio qualquer um a ler a Bíblia inteira e me dizer que Deus não aprova a pena capital. Aliás, Deus não a reserva exclusivamente para o crime de assassinato. E Ele não só a aprova, mas também a prescreve.
Eu sugiro para você que o motivo por que Deus a prescreve é que Ele valoriza muito a vida. A ironia, é claro, é que os inimigos da pena de morte acreditam que estão valorizando a vida ao se opor à pena de morte. Mas isso é apenas mais evidência do que a Bíblia se refere frequentemente como o homem sendo “sábio aos seus próprios olhos.”
A própria razão por que a pena capital é moralmente certa é que coloca tal valor elevado na vida humana inocente. É a expressão máxima de que valorizamos a vida em grau muito elevado. Seu objetivo é desestimular os que poderiam considerar tirar uma vida. E, não existe dúvida em minha mente de que se a usássemos com mais frequência e com mais certeza em casos de assassinato, serviria como um desestímulo formidável.
Ela representa bom senso. Mas num mundo que cada vez mais aceita a pena de morte no útero para a vida humana mais inocente — os bebês em gestação — e denuncia a pena de morte para os que cometem os crimes mais bárbaros contra os inocentes, é evidente que estamos nos afastando do jeito de Deus de fazer as coisas.
Fazer justiça contra crimes hediondos é uma das razões por que Deus institui o governo. Como sempre, muitos no governo querem abdicar de sua responsabilidade de cumprir os poucos deveres pelos quais o governo é útil, como defender a nação, controlar as fronteiras, controlar a moeda e fazer justiça para os que se tornaram vítimas.
Penso sobre esse último dever — fazer justiça para os que se tornaram vítimas. Você consegue imaginar o que acontece quando o governo abdica de sua responsabilidade de executar justiça para as vítimas e suas famílias? Leva à justiça pelas próprias mãos e um ciclo de violência, amargura, desamparo e desespero.
Executar assassinos devidamente condenados não é só um papel legítimo do governo. É um dever.
Os fundadores dos Estados Unidos compreendiam isso. Eles fiscalizaram sua implementação. Não havia nenhum pensamento em qualquer um deles de que isso foi “castigo cruel e fora do normal,” como alguns revisionistas buscam sugerir.
É claro que se mais restrições na pena capital acontecerem nos EUA, não virão por meio da expressão da vontade do povo — por ação popular ou mesmo legislativa. Virão por meio de decreto judicial — como tantas outras ideias impopulares que têm sido forçadas goela abaixo do público americano.
Este é o mundo em que vivemos hoje — onde preto é branco, para cima é para baixo, esquerda é direita e certo é errado.
Então, de onde é que o papa obtém suas convicções morais sobre a pena de morte? Ele não tem a obrigação de oferecer aos seus seguidores e não seguidores igualmente algo mais do que sua opinião pessoal? E se não é nada mais do que sua opinião pessoal, ele não deveria deixar isso claro?
Mais ao caso, será que o papa está sugerindo que ele é mais sábio do que Deus? Ou ele está sugerindo que Deus mudou de ideia acerca da pena capital?
Traduzido por Julio Severo do artigo original do WorldNetDaily: Pope wrong about capital punishment

A terrível, monstruosa e abominável "Inquisição Protestante"


(Imagem do monge rebelado pregando as teses da inquisição protestante)

Revisionismo histórico é quando um bando de sem vergonhas tenta desesperadamente mudar aquilo que está consumado perante a história mundial, mediante truques baixos e uma nova literatura formada especificamente para este objetivo. Existem, por exemplo, revisionistas nazistas, que são os “historiadores” que tentam dizer hoje que o holocausto judeu nunca aconteceu, ou que, se aconteceu, não morreu quase ninguém. Um certo Porcão que detesta o povo israelita mantém este ponto de vista inescrupuloso, assim como outros dementes por todo o mundo, inclusive alguns de batina.

No caso do catolicismo, a tentativa consiste, primeiramente, em negar absolutamente tudo o que os livros de história, os livros escolares, os historiadores do passado, a opinião popular e acadêmica, enfim, o que todos afirmaram por séculos sobre a inquisição católica. Como eles estão desesperados, perdendo fieis até para a Seicho-No-Ie e para a Umbanda, decidiram revisar tudo o que já foi escrito até então sobre inquisição para “concluir” que ela nunca existiu, ou então que nunca torturou ninguém, ou que matou meia dúzia de gatos pingados. Ou seja: a mesma estratégia dos neo-nazistas.

Mas a apologética católica, mentirosa como sempre, não se contenta apenas em negar os horrores da inquisição real. Nos últimos anos, alguns lunáticos foram além, chegando até mesmo a inventar uma monstruosa e abominável “inquisição protestante”(!), essa sim uma inquisição de verdade, terrível, assombrosa, que matava um tantão de gente, e que por alguma razão misteriosa nunca constou nos livros de história, embora curiosamente pipoque de montão nos blogs católicos. É como se um nazista, não satisfeito em negar o holocausto nazista, ainda dissesse que o “verdadeiro” holocausto foi dos judeus matando milhões de nazistas...

Sem ter conta do senso do ridículo, os picaretas ainda conseguem iludir um punhado de zumbis bitolados que tem horror aos livros de história e que, em vez de lê-los, prefere ver videozinhos do padre Gargamel Paulo Ricardo ou do Paulo Porcão (ou pior ainda, ler o Fakenando Nascimento). Alguns chegam a descer mais ainda, ao ponto de se basear em artigos de um astronauta católico.

O que eles chamam de “inquisição protestante”, na verdade, jamais foi uma inquisição e muito menos tinha este nome. Trata-se de alguns eventos isolados sem nenhuma conexão entre si, que os vigaristas juntam em um artigo tosco e tentam relacionar todos eles a uma fantasmagórica e lendária “inquisição protestante”. De todos os casos citados, o que é sempre o mais referido em 99% das vezes é o da guerra dos camponeses, em que Lutero teria sido responsável pelo assassinato de 30 mil camponeses. Daí concluem que Lutero criou uma “inquisição” para matar os pobres camponeses indefesos...

O livro que todos eles citam (um copiando do outro), mas que nenhum deles leu, é a “História Universal”, de Veit Valentin. Por coincidência, encontrei este livro na biblioteca enquanto procurava por mais livros sobre Idade Média, Cruzadas e Reforma Protestante. Passei essa última semana lendo os dois volumes e vi, como já era de se esperar, a forma com que os embusteiros sem caráter tiraram totalmente do contexto as palavras de Valentin e todo o contexto que envolve a guerra dos camponeses. Irei deixar para comentar especificamente sobre este livro deturpado pelos apologistas católicos em um artigo dos próximos dias, e aqui me limitarei apenas a mostrar o que o autor diz sobre essa tal “inquisição” protestante.

A citação de Valentin que eles tiram do contexto e que é repetida à exaustão pelos blogs católicos é a seguinte:

“Infrutíferos, que Münzer crescia, pôs-se ao lado das autoridades e descarregou como uma bomba o seu escrito... Um documento de inclemência e de ódio, só compreensível como uma arma de combate contra o diabo, que Lutero via em Münzer e nos seus... Sufocaram a revolução dos camponeses com crueldade que mesmo naqueles rudes tempos causou horror. O furor, as torturas, as violências e as batalhas, pareciam que não teriam mais fim; pelo menos 30.000 camponeses perderam a vida”

O catoleigo sem instrução e sem conhecimento histórico que lê uma citação como essa, cheia de reticências, cortes e totalmente pincelada, pensa que o Lutero malvadão mandou matar 30.000 camponeses indefesos, que, pobrezinhos, nada estavam fazendo de errado e nada podiam fazer para se defender dessa monstruosa “inquisição protestante” armada pelo monge rebelado filho da serpente...

O que os vigaristas escondem é que o próprio Valentin, ao longo de todo o livro, faz questão de ressaltar que estes camponeses eram revolucionários arruaceiros, saqueadores, que destruíam tudo por onde passavam e que ameaçavam matar bem mais gente para levar adiante aquela que seria a primeira revolução da história, se não tivesse sido repelida pelo Estado. O autor em questão afirma:

“Em Zurickan surgiu uma corrente profética mística que se propagou até Wittenberg provocando tumultos e fervores fanáticos e degenerando numa lamentável e estúpida fúria iconoclasta. Movimentos semelhantes, verificaram-se em muitas outras localidades. Lutero tinha horror a esse proselitismo, nada lhe repugnava mais do que a multidão enfurecida e sequiosa de destruição[1]

Quem assistiu ao filme de Lutero deve se lembrar desta parte. Os camponeses revoltados, até aquele momento simpatizantes de Lutero, tumultuavam, saqueavam e destruíam tudo o que viam pela frente, sendo severamente repreendidos pelo próprio Lutero, que fez questão de mostrar que não era a favor deste movimento e que o repugnava. Mas os camponeses furiosos não queriam saber da opinião de Lutero, e continuavam fazendo suas bandidagens por onde passavam. Veit escreve:

“Bastilhas e mosteiros foram demolidos por eles, os bens monásticos divididos, o nobre dali por diante teria de viver como o camponês, a proteção do núcleo de seu patrimônio ficava a cargo de um ‘conselho rural’. Pior foi a destruição de preciosos monumentos eclesiásticos, tesouros de arte e bibliotecas; execráveis foram os maus tratos e o escárnio a que se submeteram os padres, monges e freiras”[2]

Como vemos, estes camponeses extremistas, muito diferente do que os apologistas católicos mentirosos tentam nos passar, não eram pessoas pacíficas e amigáveis que foram repelidas pela força do Estado em função de uma suposta “inquisição protestante”. Muito pelo contrário: eram bandidos travestidos de “revolucionários”, sobre os quais Valentin diz que lutavam por “um comunismo elementar de subsistência”[3]. Eram um MST numa versão muito mais agressiva, extremista e radical. Valentin deixa claro que Lutero era totalmente contra o que eles vinham fazendo:

“A Lutero desagradavam profundamente todas essas coisas. Seu reino não era deste mundo; realmente importante para ele só podia ser a eternidade; se o temporal queria impor-se assim não o toleraria. E dirigiu-se como conciliador a ambas as partes; atirou-se, impávido como sempre, ao encontro do aniquilamento, tentando conciliar. Quando viu que seus esforços eram infrutíferos, que Münzer crescia, pôs-se ao lado das autoridades e descarregou como uma bomba o seu escrito: ‘Contra os bandos de camponeses assassinos e ladrões’”[4]

Ou seja: mesmo vendo que os camponeses eram radicais, extremistas, revolucionários e que representavam uma ameaça real à segurança da nação, ele ainda fez questão de tentar primeiro pelas vias conciliatórias, tentando convencê-los a parar com a bandidagem. Mas ele não conseguiu. Os camponeses revoltados eram intransigentes e estavam absolutamente determinados a levar a cabo a “revolução”. Só depois que Lutero viu que não tinha como se omitir e muito menos como convencer os camponeses a mudar de atitude, é que ele escreve sua obra em que defende que o poder civil faça uso da força para reprimi-los.

Mesmo assim, Valentin é claro em dizer que os príncipes não fizeram a matança por causa de Lutero, porque, de uma forma ou de outra, eles iriam defender seu território contra a revolta:

“E afinal os príncipes, os nobres, a Liga Suábia não precisavam das advertências luteranas para se defenderem. Sufocaram a revolução dos camponeses com uma crueldade que mesmo naqueles rudes tempos causou horror...”[5]

Só um asno sem cérebro acredita mesmo que os príncipes do Estado, vendo seus territórios sendo conquistados, seus patrimônios sendo depredados e a vida deles e de suas famílias sendo colocadas em risco, mesmo assim não matariam ninguém se não fosse pelo Lutero malvadão escrever um livro em que defende essa atitude...

Na posição em que Lutero se encontrava, ele não podia ser omisso. Ele tinha duas opções: ou ficava do lado dos camponeses, ou ficava do lado do Estado. Se ele ficasse do lado do Estado, não teria como combater um exército gigante de camponeses revoltados com flores nas mãos, da mesma forma que não dá para vencer os terroristas do ISIS com balas de borracha. Em uma luta corpo-a-corpo, é matar ou morrer.

Naquelas condições, Lutero escolheu a primeira opção. O único erro do Estado foi ter usado uma força excessiva, praticando tortura (de acordo com o que diz Valentin). Mas Lutero em momento nenhum disse para torturar os camponeses, apenas para defender o território e matar em um contexto de guerra. E vale ressaltar, mais uma vez, que o próprio Valentin disse que a opinião de Lutero foi irrelevante. Os príncipes iriam defender seu território independentemente da opinião de Lutero.

Alguém poderia ainda sugerir que seria melhor que Lutero tivesse ficado ao lado dos camponeses, então. É o que os apologistas católicos, que não entendem porcaria nenhuma do que estava acontecendo, parecem sugerir. No entanto, a história nos mostra as consequencias catastróficas de uma revolução comunista. Essas revoluções já mataram mais de 100 milhões no mundo, dados extraídos do “Livro Negro do Comunismo”, e continuam matando até hoje. Junto a isso, o comunismo sempre trouxe consigo profunda decadência econômica, favorecendo com isso regimes ditatoriais, trabalhos forçados e outros milhões que morrem de fome.

Ou seja: por pior que possa ter sido a morte de 30 mil arruaceiros revolucionários, pode apostar que seria muito pior se o contrário tivesse ocorrido, isto é, se os revolucionários tivessem ganhado a guerra e implantassem um regime comunista naquele lugar. Não apenas um tanto muito maior de pessoas morreria, como também acarretaria em uma enorme crise econômica por toda a Alemanha, que muito dificilmente seria a potência mundial que é hoje. Gerações após gerações viveriam na miséria, na fome e no caos. Isso sem falar no fato óbvio de que uma revolução bem sucedida dos camponeses alemães iria suscitar novas revoluções no resto do mundo; afinal, os demais camponeses iriam criar esperanças de sucesso ao ver as conquistas do outro, o que resultaria em mais banho de sangue.

Valentin não diz quantos camponeses estavam lutando, mas outro historiador, David Christie-Murray, diz que eram 300 mil(!), um exército enorme para os padrões da época, muito superior a qualquer cruzada católica em direção à Terra Santa. Um exército de 300 mil revolucionários baderneiros era um potencial para um baita estrago na Europa, se tivessem vencido a guerra. Se isso tivesse acontecido, Lutero seria hoje responsabilizado pelos católicos por ser o primeiro “revolucionário”, ou seja, por ser o primeiro líder da primeira grande revolução bem-sucedida no planeta. Mas como ocorreu o inverso, Lutero é culpado mesmo assim: mas por ter ficado contra os camponeses!

Para os apologistas católicos, Lutero seria culpado de um jeito ou do outro. Ele sempre tem que estar errado sobre tudo. Se ficasse do lado dos camponeses, seria o culpado pela morte dos civis inocentes que não escapariam das mãos dos revolucionários. Por ter ficado do lado oposto, passou a ser o culpado pela morte dos camponeses assassinos que tocavam o terror na Alemanha, mas que mesmo assim são descritos da forma mais bonitinha possível pelos apologistas católicos, que pensam que Lutero mandou matar pobres inocentes indefesos em um contexto de paz e amor...

Valentin descreve esses camponeses bonzinhos da apologética católica de “comunistas-terroristas”:

“Em Münster na Westfália ocorreu uma série de movimentos espirituais: oposição rústico-burguesa, agitação apocalíptica. Surgiu o Estado anabatista, notável pelo fanatismo quanto à fé e ambição de poder terreno, uma temerária tentativa de criar na grande família uma nova sociedade comunista-terrorista. Todos os vizinhos coligaram-se contra essa revolução fantástica e prepararam um fim horrível aos seus prosélitos e líderes, o ‘rei’ João de Leiden na sua frente”[6]

E a prova mais clara de que o próprio Valentin não culpava Lutero por este episódio está nas próprias descrições do autor sobre o reformador protestante. Ele escreve sobre o “monge rebelado”:

“Sua influência crescia, todos lhe pressentiam a superioridade não só no saber, e na consciência, como no caráter. O caráter alemão personificado em ação, genuíno, desprendido, espiritual, sobretudo moralmente seguro de si, impregnado do sentimento nacional, estava concentrado nele humana e espontaneamente e por isso mesmo mais arrebatador”[7]

E também:

“Lutero, este verdadeiro alemão, é, num sentido elevado, digno de estima. Nele cascateava caudalosa a torrente de Deus; nisto foi único, não tendo tido sucessores”[8]

E também:

“O luteranismo conservou sempre algo de quietista; era, se não um isolamento monástico do mundo, um isolamento do grande no pequeno mundo, um renunciar às lutas políticas históricas para entregar-se ao tranquilo convívio de todos os dias com os seus pequenos e agradáveis prazeres”[9]

Quem é, em sã consciência, que, conhecendo a história de um bêbado malvadão que mandou matar na “inquisição protestante” 30.000 camponeses inocentes bonzinhos que não fizeram nada de errado, ainda assim o descreve como sendo um exemplo no caráter, genuíno, espiritual, “verdadeiro alemão”, digno de estima, que estava sob a torrente de Deus, e cuja vertente religiosa era “quietista” e renunciava às lutas políticas para ter um convício tranquilo e pacífico com todas as pessoas? Está óbvio que os canalhas da apologética católica estão distorcendo grosseiramente as palavras de Veit Valentin, de forma sorrateira e criminosa, esperando que ninguém leia o livro referenciado para desmascará-los.

Em suma, o autor citado pelos apologistas católicos para embasar uma suposta “inquisição protestante”:

• Nunca descreveu a guerra dos camponeses como sendo uma “inquisição”, muito menos protestante.

• Nunca disse qualquer coisa sobre aquilo ser fruto de intolerância religiosa (os camponeses eram, inclusive, simpatizantes de Lutero, que tentava convencê-los na base do diálogo a deixar a bandidagem).

• Nunca retratou esses camponeses como “inocentes”. Ao contrário: disse que eram bandidos, saqueadores, que depredavam as igrejas, quebravam as imagens, destruíam as bibliotecas e tentavam criar uma «nova sociedade comunista-terrorista»!

• Nunca disse que Lutero foi o “responsável” pela morte dos camponeses no campo de batalha. Ao contrário, disse que a opinião de Lutero era irrelevante, porque de qualquer forma os príncipes iriam defender seus territórios assim mesmo.

• Nunca disse que Lutero cometeu um erro ao ficar do lado do poder civil e contra os camponeses revolucionários. Ao contrário, ressaltou que Lutero era um exemplo de caráter, genuíno, espiritual e digno de estima.

Essa, amigos, foi a terrível, monstruosa e abominável “inquisição protestante”, inventada diretamente pelos lunáticos da apologética católica.

Agora já podemos voltar a falar da inquisição católica, ou seja, a que existiu. Para o lixo o revisionismo mentiroso.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,

A Igreja Católica criou as universidades!

 



O principal argumento dos papistas que seguem a linha de Thomas Woods na visão bitolada, falsa e descarada de que “a Igreja Católica construiu a civilização ocidental” é o das universidades. “A Igreja Católica criou as universidades!!!”, grita o romanista exaltado, tentando provar que se não fosse pela Igreja Católica estaríamos até hoje sem universidades...

Em primeiro lugar, a própria afirmação de que “A Igreja Católica criou as universidades” já é falsa em si mesma. A primeira universidade do mundo foi a Universidade al Quaraouiyine, do Marrocos, criada em 859, reconhecida inclusive pelo famoso Guinness Book como sendo a primeira. Depois veio a Universidade de al-Azhar, do Cairo, criada também pelos muçulmanos, em 988. Só mais de duzentos anos depois da primeira, e de cem em relação à segunda, é que surge a primeira universidade católica, a de Bolonha, em 1088. E escolas já existiam desde a Grécia antiga, passando pela Roma antiga, Índia antiga, China antiga e pelo Império Bizantino – desde muito antes dos católicos romanos pensarem em criar alguma coisa.

Se por um lado a Igreja Católica tem seu mérito em ser uma das primeiras a criar universidades, por outro lado é preciso considerar a qualidade do ensino nelas difundido. Usarei neste estudo como fonte o que escreve um historiador católico do século passado, Ivan Lins, autor do livro “A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas” (já falei dele em meu artigo anterior), que por sua vez também cita como referência vários autores católicos também reconhecidos, em especial o abade francês Claude Fleury, um padre e historiador católico do século XVII. Não citarei nenhum historiador protestante para não me acusarem de ser tendencioso.

É desta forma que Lins descreve a qualidade do ensino presente nestas universidades católicas que são hoje usadas pelos apologistas católicos para a ridícula alegação de que “a Igreja Católica construiu a civilização”:


***

Representava o trivium o ensino primário e secundário da Idade Média, contentando-se com ele os que dispunham de aptidões mais literárias do que científicas. Compreendia a gramática, a retórica e a lógica ou dialética. Esta última, na apreciação de Latino Coelho, “ensinava a disputar sobre a verdade, sem patentear os caminhos de a saber – ginástica intelectual, que adestrava a inteligência, sem poder servir à higiene do pensamento – esgrima pueril, que podia conceder triunfos à vaidade, mas não podia aparelhar vitórias à ciência”.

Quanto à retórica, antes conduzia a estragar do que a ornar o estilo. Consistia, como salienta o padre Fleury, “em só falar por metáforas ou outras figuras estudadas, evitando, com cuidado, explicar simples e naturalmente o pensamento, o que torna os escritos dos escolásticos de mui difícil inteligência”[1]. O que de mais gostavam era empregar frases das Escrituras, não para autorizarem seus pensamentos, servindo-lhes de provas (que é o uso legítimo das citações), mas para exprimir coisas mais banais. Assim, numa história, em vez de dizerem simplesmente “fulano morreu”, diziam: “fulano juntou-se a seus pais”; ou: “entrou no caminho de toda carne”.

No que concerne à gramática, ainda hoje pululam os indivíduos que pretendem ensinar-nos, dogmaticamente, “uma arte resultante de um surto universal, enquanto a própria barbárie e impropriedade da maior parte dos termos de que se servem bastam para caracterizar a inanidade de suas pretensões sobre a palavra”[2]. Se isto é o que acontece com certos gramáticos de nossos dias, que se daria com os da Idade Média? A este respeito assim discorre o padre Fleury:

            “Só se estudava a gramática por causa do latim, ou, antes, aprendiam-se ambos concomitantemente. Mas, em vez de ser, como nos tempos modernos, o latim mais puro possível, contentavam-se todos, então, com esse latim grosseiro, cujos restos ainda se encontravam, no século XVII, nas escolas de filosofia e teologia. A linguagem do século XIII e dos dois seguintes era cheia de palavras desviadas de seu verdadeiro sentido, ou formadas com termos das línguas vulgares, tirados dos idiomas germânicos, como guerra e trégua, de sorte que os que só conhecem o bom latim, não compreendem o latim medieval, a não ser fazendo dele um estudo especial, porquanto ninguém pode esperar encontrar a palavra miles para designar um cavaleiro bellum uma batalha.
            Pelo motivo contrário, não compreendiam os sábios desses tempos, senão pela metade, os autores da boa latinidade, e não só os profanos, dos quais talvez pudessem privar-se, mas os próprios Padres da Igreja, São Cipriano, Santo Hilário, São Jerônimo e Santo Agostinho, e é por isso que, ao lê-los, não lhes apreendiam o pensamento”[3]

(LINS, Ivan. A Idade Média – A Cavalaria e as Cruzadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Pan-Americana, 1944, pp. 209-211)


***

Ainda sobre o ensino da lógica nas universidades católicas medievais, diz o padre Fleury:

“Deixara a lógica de ser a arte de raciocinar com justeza e buscar a verdade pelas vias mais seguras: era, ao contrário, um exercício de disputar e sutilizar ao infinito. O objetivo dos que a ensinavam era menos instruir seus alunos do que fazerem-se admirar por eles, embaraçando os adversários com questões capciosas, tal qual os antigos sofistas”[4]

No artigo anterior, já havia exposto de que forma que os estudantes da Universidade de Paris (padres, em sua maioria) eram depravados. Jacques de Vitry, bispo de Tusculum e contemporâneo da época, escreveu sobre isso:

“Os estudantes, clérigos em sua maior parte, não consideravam pecado a simples fornicação. As cortesãs detinham, nas ruas, os clérigos que passavam, afim de levá-los para suas casas, como se o fizessem à força. Se eles se recusavam, eram acusados de desordens ainda mais criminosas, sendo honroso ter várias concubinas. Numa mesma casa ficavam, em cima, escolas, e, embaixo, bordeis. Os clérigos, que mais gastavam, eram os mais estimados, sendo tidos como avaros, hipócritas ou supersticiosos os que viviam sobriamente, praticando a piedade”[5]

Lins destaca que, na opinião de Fleury, foi justamente o ensino tosco e nada espiritual aprendido nessa universidade que fez com que os padres se tornassem mais imorais:

“Consagra o padre Fleury à escolástica um de seus admiráveis Discursos Sobre a História Eclesiástica, e, depois de analisá-la a fundo, chega a atribuir a corrupção de costumes dos estudantes da Universidade de Paris, a que já me referi, às vãs sutilezas e às questões frívolas e inúteis, que constituíam o campo predileto a que se consagrava a grande massa dos escolásticos, os quais chegavam a sustentar que os adultérios, incestos, etc, quando cometidos por caridade, não constituem pecados”[6]

Sobre o ensino de geografia dessas universidades, Lins escreve:

“Entre as inúmeras lendas geográficas, piamente aceitas, figurava a de ferver o Oceano ao sul da África, e de haver um povo, perto do Ganges, que se alimentava do perfume de certas flores”[7]

Sobre o ensino de história, ele diz:

“Quanto à história, era também cheia de ficções e fábulas, pois os historiadores medievais se impressionavam mais com o maravilhoso do que com o verdadeiro. Aceitavam tudo quanto achavam escrito – ensina o padre Fleury. Sem crítica, sem discernimento, sem examinar a época e a autoridade dos escritores, tudo lhes parecia igualmente bom. Assim, a fábula de Francus, filho de Heitor, e dos francos vindos de Troia, foi adotada, até fins do século XVI, por todos os historiadores franceses, que faziam também a história da Espanha remontar até Jafé e a da Grã-Bretanha até Bruto. Cada historiador empreendia uma história geral, desde a criação do mundo até a sua época, e aí amontoava, sem critério, tudo quanto encontrava nos livros que lhe caíam nas mãos”[8]

E também:

“A ignorância quase total da história antiga fazia com que os primeiros restaurados do direito romano incidissem em graves erros ao comentar as Pandectas. Muitos dentre eles derivavam de Tibério o nome do rio Tigre, supunham que Ulpiano e Justiniano tinham vivivo antes da era vulgar e aceitavam que houvesse Papiniano sido condenado à morte por Marco Antônio. A erros tão grosseiros não escapavam nem mesmo os maiores glosadores como Irnério, Placentino, Azo e Acurso”[9]

E sobre a medicina:

“Entre os remédios reputados estava a triaga, formada de inúmeras substâncias heterogêneas, inclusive o veneno de víbora, e que curava mordeduras de cobras e uma infinidade de mazelas. Para dar uma ideia do que fosse a triaga, costumava Laet compará-la com as Academias: ‘entram nelas ingredientes formidáveis, mas, finalmente, o resultado é benéfico...’[10]. Eis como, segundo Sidrac ou O Tesouro das Ciências, um dos livros de maior voga na Idade Média, havendo chegado até a Renascença, se devem tratar as hemorragias nasais: com dejetos de suínos ainda quente e esterco de camelo batido. Sustenta o mesmo livro ser bom ter vermes intestinais, porquanto se nutrem dos venenos que se encontram no organismo, eliminando-os e favorecendo, assim, a saúde”[11]

Foi todo este conjunto de ensino pueril e pitoresco que fez com que o cético David Hume dissesse que “esses milhares de jovens só aprendiam, nas universidades, péssimo latim e uma lógica ainda mais detestável”[12].

E isso era o conhecimento ensinado nas universidades, para os da mais alta elite. Se os “intelectuais” eram de um nível tão rude e grosseiro, imagine como era o povo comum da época. Lins discorreu sobre esses também:

            “Esses os conhecimentos dos letrados medievais, isto é, da generalidade dos clérigos que frequentavam as Universidades. Quanto aos homens do povo e aos próprios barões, eram, muitas vezes, analfabetos, não sabendo nem ao menos traçar o próprio nome, que substituíam por uma cruz, dando, assim, origem à palavra assinar, a qual primitivamente significava traçar uma cruz em lugar do nome. Entre o próprio clero, nos primeiros séculos da Idade Média, muitos eram os bispos que deixavam de apor o seu nome aos cânones dos concílios, em que tomavam parte, visto não saberem escrever[13].
            Ainda no século XIV, era comum encontrarem-se grandes senhores que não sabiam ler, entre os quais Duguesclin, que chegou a condestável da França[14]. É que, na Idade Média, se fazia perfeitamente a diferença entre a instrução e os dotes intrínsecos de retidão, sagacidade e mesmo coerência, qualidades independentes de qualquer instrução, resultando o seu cultivo muito mais da vida prática do que de qualquer aprendizado teórico. Deu, contudo, o analfabetismo medieval lugar a muitos abusos, inevitáveis onde quer que campeie o analfabetismo, como, infelizmente, o verificamos, todos os dias, entre nós”[15]

Em resumo, o ensino católico nas universidades medievais:

• Ensinava lógica deturpando a lógica.

• Ensinava história deturpando a história.

• Ensinava geografia deturpando a geografia.

• Ensinava ciências deturpando a ciência.

• Ensinava o latim deturpando o latim.

• Em vez de conduzir à santificação, conduzia ao máximo da imoralidade.

• Era elitizado, deixando a grande maioria do povo no analfabetismo.

Podemos resumir todo o ensino das universidades católicas com uma só palavra: lixo.

Mas se o ensino católico nas universidades era tão desprezível, como ele evoluiu até chegar aos dias de hoje? O principal fenômeno que deu origem a essa revolução chama-se: Reforma Protestante. No vídeo abaixo, o cientista político Alberto Carlos Almeida explica rapidamente como este processo se deu:


Foi a Reforma Protestante que colocou a Bíblia nas mãos do povo, enquanto nas terras católicas a Igreja proibia a leitura da Bíblia em língua vulgar (veja mais sobre isso aqui e aqui). Com o povão tendo acesso à Bíblia, o índice de analfabetismo rapidamente foi abaixando, e, junto com ele, o desenvolvimento da nação que era guiada pela tradição protestante. É essa a razão pela qual todos os sete países com maior IDH do mundo atual são países de tradição protestante (escrevi sobre isso neste artigo). Em contrapartida, os países católicos em geral sofreram com um desenvolvimento bem mais lento, que ainda se reflete hoje em dia na maioria das nações.

Lorraine Boettner ainda destacou neste artigo que os países protestantes se demonstraram através dos séculos muito mais fortes contra a ameaça comunista e fascista do que os países católicos, que foram engolidos por ambos. Mas para mostrar este contraste nem é preciso desenvolver um texto gigante: basta comparar o desenvolvimento dos Estados Unidos (fundado por protestantes da Inglaterra) com o restante da América (fundado por católicos da Espanha e de Portugal). Enquanto os EUA são hoje a nação mais poderosa do mundo, os países católicos sofrem na miséria ou no sub-desenvolvimento do terceiro mundo. Coincidência? Sim, pro católico, é tudo coincidência!

O contraste é tão gritante entre uma realidade e outra, que mesmo com a Espanha e com Portugal extraindo até o talo os recursos naturais da América, com exploração de indígenas e até extermínio dos mesmos, ainda assim ficam muito atrás dos países europeus desenvolvidos (=protestantes). Ou seja: séculos de riqueza fácil mediante exploração da terra alheia não foram o suficiente para compensar o progresso trazido pelo protestantismo mediante uma cultura mais elevada.

A Reforma também foi fundamental na área da ciência, pois, como é bastante notório, a ciência floresceu muito mais nos países protestantes do que nos católicos. De acordo com Augustus Nicodemus, 51 dos 53 cientistas que nos deram a ciência moderna eram protestantes[16]. Sem o braço forte e a supervisão de um ditador autoritarista megalomaníaco, os cientistas se sentiam muito mais à vontade realizando e divulgando seus trabalhos nos países protestantes. Enquanto um Roger Bacon surgindo das universidades católicas era a exceção, um Isaac Newton surgindo de uma universidade protestante era a regra.

Podemos comparar aos dias de hoje: nos vestibulares mais concorridos, em geral 90% dos que passam vieram de colégios mais respeitáveis, especialmente do ensino privado, enquanto em média 10% dos que passam vieram de escolas públicas em situações precárias e com péssima educação. Ou seja: a qualidade do ensino não é tudo o que conta, porque depende muito do aluno também. Um gênio consegue passar em ambas. Da mesma forma, embora surgissem cientistas católicos de grande renome, eram das universidades protestantes que saía a grande maioria deles, consequencia natural de um ensino com mais qualidade.

Em suma, foi o protestantismo que nos deu ensino de qualidade, que deu luz aos melhores cientistas, que derrotou as grandes superstições, que levou o aluno a exaltar a Deus por meio do estudo, que abriu as portas das universidades para as pessoas mais simples, que colocou a Bíblia nas mãos do povo, que superou o analfabetismo, que gerou prosperidade e desenvolvimento, que valorizou o ser humano. Sim, a Igreja Católica tem seus méritos; afinal, ensino ruim ainda é melhor do que nada. No entanto, os protestantes fizeram exatamente aquilo que se propõem: Reforma. O que está ruim é reparado, o que está bom melhorado, o que está inacabado é aperfeiçoado. Nada diferente do que Jesus disse:

“Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:20)

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Escrito por Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)