segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Flor cadáver floresce em jardim Botânico nos EUA





Olá amigos e amigas... Dias atrás falamos aqui no Noite Sinistra de flores que depois de secas ficavam parecidas com caveiras (clique aqui para recordar). Essa postagem atingiu um bom número de acessos, o que me motivou a ir atrás de outros materiais relacionados com plantas estranhas, então eis que o postal g1 publicou essa semana a notícia que dá nome a postagem abaixo. Convido vocês a ler o texto abaixo e conhecerem as estranhas "Flores cadáver".


Após seis anos, uma flor-cadáver voltou a florescer no Jardim Botânico dos EUA, que fica ao lado do Capitólio, na capital Washington. A planta Arum Titan, cujo nome científico é "Amorphophallus tintanum".


A Arum Titan, que floresce apenas três ou quatro vezes ao longo de seus 40 anos de vida, é mais conhecida como "flor-cadáver" por exalar um forte cheiro de carne podre.


A planta é originária das florestas tropicais de Sumatra, na Indonésia, onde está em perigo de extinção por causa do desmatamento.


A flor cadáver junto com a Rafflesia arnoldii, são as duas maiores flores do mundo, sendo que ambas podem ser encontradas no mesmo continente. A Arun Titan, que foi descoberta pelo botânico italiano Odoardo Beccari, em 1878, pode atingir 75 Kg e mais de três metros de altura, durante o período de inflorescência.


O forte odor emitido pela planta, que deu a planta o seu apelido, é também responsável por atrair insetos carniceiros, principalmente besouros, tanto para a polimerização, como para alimentação da planta, o que faz da flor cadáver, que no início de sua existência pode crescer até 16,6 centímetros por dia, a maior flor carnívora do mundo.


Fonte: G1 e Wikipédia.

Torres marítimas fortificadas na Inglaterra




Em 1943 a posição da Inglaterra na Segunda Guerra Mundial, alvo de bombardeamentos e ataques constantes por parte das tropas alemãs, era mais frágil do que nunca e chegou-se mesmo a recear uma invasão. Por esse motivo as defesas foram ampliadas e reforçadas.


Uma das obras realizada foi a edificação de torres fortificadas ao longo do rio Tamisa, precisamente uma das vias de penetração do inimigo em território britânico. Essas torres teriam a capacidade de detectar e responder a possíveis ataques. O projeto foi encomendado a um engenheiro civil, Guy Maunsell, que o concluiu e construiu nesse mesmo ano.




Maunsell foi escolhido pela sua experiência com betão pré-esforçado, sistema que já tinha utilizado em diversas pontes e a que recorreu para este projeto. Para o Tamisa planeou diversos conjuntos e tipos de fortificações imaginativas, entre os quais se conta este insólito grupo de torres, o Shivering Sands Army Fort, também conhecido como U7 devido ao número de elementos que o compõem.




Cada uma das torres, construída em ferro, foi montada isoladamente em terra e depois fundeada no local, assente numa estrutura de quatro pilares de betão armado. O conjunto possuía vários sistemas defensivos (canhões, metralhadoras, radar, etc.) e interligava-se por passadiços metálicos. Durante a guerra desempenhou um importante papel, detectando ataques aéreos, lançamento de minas e abatendo também diversos aviões e bombas voadoras.




Após o fim do conflito armado o Shivering Sands Army Fort permaneceu em atividade até 1958, ano em que foi abandonado pelas tropas inglesas. A partir daí, sem manutenção e sob a ação corrosiva das águas, foi-se degradando progressivamente. Já foi abalroado por barcos, transformado em estação meteorológica e serviu até de local de emissão de rádios piratas. Houve quem propusesse a sua demolição pura e simples mas até hoje permanece de pé, ameaçando a navegação. É uma ruína magnífica, grave, fantasmagórica...








Epidemia de dança de 1518





Olá amigos e amigas...O curioso texto abaixo me foi indicado pelo amigo, parceiro e xará Fernando Thiago, dono do blog Lua Pálida, e participante ativo de uma série de blogs. Convido todos vocês a conhecerem um pouco mais desse curioso e bizarro evento histórico.


No século 16, a cidade francesa de Estrasburgo (então Sacro Império Romano-Germânico) era um movimentado centro comercial. Suas feiras eram frequentadas por pessoas de toda a Europa. Contudo, em julho e agosto de 1518, o local teve muito mais movimento - e não foi por motivos econômicos.


Conforme afirmam historiadores, tudo teria começado com uma mulher, cujo nome era Frau Troffea. Ela saiu de casa, provavelmente em 14 de julho ou algum dia próximo, e começou a dançar. Os relatos da época dizem que ela não parou por seis dias. Em uma semana, outras 34 pessoas começaram a se mexer de maneira ininterrupta. Era a eclosão de um dos casos mais curiosos da história da medicina: a epidemia de dança de 1518.


A "praga" tomou conta das ruas da cidade francesa e se tornou um problema para a nobreza e a burguesia, que consultaram os médicos da época. Após as causas astrológicas e sobrenaturais (que eram levadas a sério) serem excluídas, os especialistas chegaram à conclusão que o problema era natural, causado por "sangue quente" (para a medicina ortodoxa da época, poderia ocorrer um aquecimento do cérebro que causaria loucura). O tratamento: dançar, dançar e dançar - até as vítimas recuperarem o controle do corpo.


Salões e mercados foram abertos para as vítimas. Dançarinos profissionais e músicos foram chamados para mantê-los mexendo. Dia e noite, as pessoas requebravam freneticamente, sem parar. Se o doente enfraquecia, desmaiava, cambaleava ou diminuía o passo, o ritmo da música era aumentado. "Em um mercado de grãos e uma feira de cavalos, as elites criaram espetáculos tão grotescos quanto telas de Hieronymus Bosch retratando a loucura humana ou os tormentos do inferno", diz em artigo John Waller, professor de história da medicina da Universidade do Estado de Michigan e autor de livros e outro textos sobre esta e outras pragas de dança.




Não foi o primeiro caso de praga de dança registrado. Antes de Estrasburgo, pelo menos outros sete surtos ocorreram na Europa. Mas Estrasburgo teve maiores proporções. No final de agosto, seriam mais de 400 "infectados". Muitos mortos de tanto dançar - literalmente. "Nós não temos meios de saber quantos morreram - algumas crônicas dizem 'vários' e as autoridades da cidade foram suficientemente alertadas para parar toda a dança pública, tendo antes encorajado isso. É também plausível que as fatalidades resultaram de dançar sob o auge do calor do verão e raramente se parar para comer ou beber", diz o historiador John Waller.


Após a primeira estratégia ter sido um desastre, as autoridades decidiram que o problema não era uma doença natural, e sim uma maldição enviada por um santo (para o pensamento do final da Idade Média, que persistia na região, os homens santos não apenas ajudavam contra certos males, mas também poderiam usar as doenças contra pecadores). O escolhido foi são Vito, conhecido por ajudar epilépticos.


A associação com o santo vem de outros casos de praga de dança. O primeiro conhecido foi na Suíça, quando dois surtos ocorreram em prédios religiosos no século 15, no dia seguinte ao de são Vito. Em 1518, a associação já estava bem conhecida.


As vítimas então passaram por uma espécie de cerimônia. Foram calçados nelas sapatos vermelhos e os dançarinos foram despachados para um santuário dedicado a Vito nas montanhas. Eles ficaram ao redor de um altar com as imagens do santo, da Virgem Maria e do papa Marcelo. Nas semanas seguintes, a epidemia perdeu força até exaurir, com os doentes recuperando o controle do corpo.


Mas fica um pouco difícil acreditar que, repentinamente, um grupo de pessoas seja afetado por uma "praga de dança". Dá para confiar nessas histórias? Segundo Robert Bartholomew, sociólogo da Universidade James Cook (Austrália) , "as dançomanias (como também são chamadas) são bem documentadas e foram descritas em numerosas crônicas medievais europeias que continham descrições de testemunhas. Além disso, diversos médicos do período escreveram sobre isso. Sendo assim, não há dúvida de que ocorreram - a questão mais relevante é: por quê?"


Causas e teorias

Diversas são as opiniões sobre o que levou centenas de pessoas a saracotear freneticamente pelas ruas de uma cidade francesa no início da Idade Moderna. Uma delas é de que o problema teria causa química ou biológica. O principal "suspeito" é a ferrugem dos cereais, um tipo de fungo que ataca plantações. Segundo Waller, essa possibilidade foi descartada, pois, apesar de o fungo causar convulsões violentas e ilusões, ele não leva a movimentos coordenados que duram por dias.


Outra causa seria a peste negra. A dança seria uma resposta à dor extrema causada pela doença nas vítimas. Segundo Robert Bartholomew, o problema aí é que a data não encaixa com as de surtos da peste.


Para o historiador John Waller, é necessário entender o contexto da época. As décadas que precederam a epidemia, afirma, foram notáveis pela severidade - mesmo em um período em que a população era acostumada com o medo e a privação. Ocorreram momentos de grande penúria em 1492, 1502 e 1511. Invernos rigorosos, verões abrasadores, granizo e tempestades de neve acabaram com as plantações - desastres que atingem mais a população pobre da cidade. Além disso, os senhores de terra aumentavam os impostos agressivamente e decretavam diversas proibições à população - como pescar e caçar em suas posses, o que apaziguaria a fome.


Em 1516, um verão escaldante acabou com as plantações e o preço do pão disparou. As pessoas gastavam suas economias para pagar pela comida. O inverno que se seguiu foi rigoroso e muitas pessoas morreram de fome. Doenças afligiam o povo e eram consideradas castigos divinos. Um relato da época conta que um orfanato ficou lotado com filhos de vítimas da varíola.




Segundo o historiador, o medo e a angústia eram gerais na população mais pobre, que acreditava em qualquer rumor místico. Além disso, a maldição do santo já era bem conhecida na Europa. "Que são Vito venha para você" ou "que Deus lhe dê são Vito" eram maldições conhecidas na época.


A pressão física e mental, diz Waller, tornou as pessoas mais suscetíveis a sugestões. Quando elas viram pessoas "amaldiçoadas" por são Vito, acreditaram também que elas eram amaldiçoadas e se uniram inconscientemente. A ação das autoridades, de incentivar a dança das vítimas em locais públicos, fez com que a epidemia só se espalhasse ainda mais.


"A praga de dança foi uma expressão patológica de desespero e medo religioso", diz Waller. Essa explicação se aplicaria aos demais casos. Em 1374, por exemplo, antes de a praga ser atribuída a são Vito, as vítimas acreditavam terem sido amaldiçoadas pelo diabo ou por são João.


Bartholomew tem outra visão. "Em teoria, muitos especialistas pensam que (as dançomanias) foram uma resposta catártica reprimida por estresse associado a pragas, fome e a peste negra, especialmente a última. Eu discordo. Eu sou um dos pesquisadores que tem uma explicação diferente. A de que essas pragas são consequências de crenças religiosas nas quais as pessoas pediam favores divinos através da dança", diz.


O sociólogo diz que relatos da época afirmam que as pragas de dança começavam com grupos de peregrinos que chegavam às cidades atingidas. Essas procissões eram marcadas por gritos a santos e danças pelos participantes. Ao longo do percurso, os moradores acabavam se unindo à dança, que se tornava frenética por parte dos fervorosos.


Para Waller, há um problema com esta hipótese: as vítimas não demonstrariam prazer em seus atos. Elas implorariam a outras pessoas e padres por ajuda. As expressões em suas faces eram de medo e desespero.


O fim repentino

As pragas de dança ocorreram durante a época final da Idade Média e desapareceram. Estrasburgo foi o último grande caso e até o final daquele século teriam sumido por completo.




"Não está inteiramente claro por que esses surtos pararam no final do século 16. É sensato assumir que como a crença nas maldições de santos enfraqueceram lentamente, elas não poderiam mais surgir. É também provável que com o estável crescimento do nível de instrução e o aumento, apesar de gradual, de uma mentalidade mais laica entre os educados, esses surtos não ficaram fora de controle porque as autoridades davam menor créditos às crenças populares", diz Waller.


Para o historiador, fica uma lição com a epidemia de dança. Por mais sobrenatural e inacreditável que o caso pareça, ele é um fenômeno psicológico que "nos lembra da inefável estranheza do cérebro humano".


Fontes: Wikipédia e Portal Terra

Comunicação com Espíritos pode ser desenvolvida com estudo e dedicação





Medo e curiosidade se misturam quando o assunto é o contato do homem com o mundo dos mortos. Enquanto diversas religiões têm explicações sobre o fenômeno, a ciência ainda tenta desvendar as causas e os efeitos dessa experiência.


Você já sentiu que estava sendo observado, mas, quando se virou para ver quem era, ninguém estava lá? Ouviu alguém dizer o seu nome sem haver ninguém por perto? Teve a impressão de ter sentido a presença de alguém quando estava sozinho em casa? Pode até ser que essas situações não tenham sido nada, mas pode ser também que espíritos estejam tentando se comunicar com você. Pelo menos é o que acreditam os médiuns, pessoas que desenvolveram a habilidade de se conectar, de uma forma ou de outra, com o mundo dos mortos. Segundo eles, sentir essas manifestações de vez em quando é comum, pois todos temos a capacidade de estabelecer esse contato. Decidir trabalhar ou não essa habilidade aparentemente inerente ao ser humano é uma escolha — e os caminhos, não necessariamente, precisam passar por alguma religião.


Ainda que o tema cause certo medo, é fato que o assunto desperta também uma boa dose de curiosidade. Adriana Noviski, autora do recém-lançado Na sala ao lado — Os mundos invisíveis e seus segredos (Editora Évora), é um dos exemplos de como a busca por informação é capaz de mudar paradigmas — e o modo como se encara a vida. Sem nem saber do que se tratava e, a convite de uma amiga, ela resolveu participar de um curso de cura espiritual. “Fui fazer quase que por intuição e descobri que era médium”, completa. A vivência e o trabalho voluntário posterior às aulas a inspiraram a contar as histórias que viu, por meio da personagem fictícia Amanda.


O atendimento a pacientes a deixou impressionada. “Sempre tive muita intuição, mas achava que era só isso”, comenta. “Existe uma diferença entre intuição e mediunidade. A mediunidade é conseguir ver algo a mais.” Sonhos premonitórios, vultos e mesmo percepções que vinham como flashes sobre problemas de pessoas próximas foram, segundo Noviski, o ponto de partida para que ela procurasse se aprofundar no tema. “Quis escrever o livro para encorajar outras pessoas, mostrar que é natural, porque já fui muito ridicularizada por isso.”


Um dos fundadores do Programa de Saúde e Espiritualidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e professor titular do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Alexander Moreira Almeida explica que, para fins de estudo, a mediunidade é definida como “uma experiência em que um indivíduo alega estar em comunicação com ou sob a influência de uma pessoa falecida ou de um outro ser não material”.


Depois de sofrer com problemas de saúde e "crises de loucura", Maria Liosmira encontrou a cura em um terreiro

O tema, inclusive, é familiar a todos nós — uma vez que está presente na base de grande parte das religiões. Como exemplos, Almeida cita Moisés e os profetas recebendo mensagens de Deus e dos anjos, Maomé recebendo mensagens do anjo Gabriel na composição do Corão, os oráculos gregos, os dons do Espírito Santo nas comunidades cristãs primitivas, bem como entre os católicos carismáticos e protestantes pentecostais. “Deve-se destacar que, especialmente no Brasil, nossas origens indígenas e africanas estão também fortemente permeadas por crenças e vivências ligadas à mediunidade”, completa. “Sendo assim, é uma experiência humana que precisa ser mais bem investigada.”


Sob as lentes da ciência
Há mais de um século, pesquisadores tentam entender do que se trata o fenômeno da mediunidade. O interesse nesse tipo de estudo, explica o psiquiatra, teve seu primeiro pico entre os séculos 19 e 20. Nos últimos anos, o tema parece ter voltado à tona. As experiências mediúnicas têm sido investigadas a fundo por pesquisadores há mais de 100 anos. Houve um grande interesse no tema na transição dos séculos 19 e 20 e,recentemente, houve uma retomada do interesse. Entre as principais hipóteses, estão fraude, doença mental, manifestações do inconsciente do médium, percepção extrassensorial (telepatia e clarividência) e sobrevivência da consciência/personalidade depois da morte corporal.


Desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) em 2013, o trabalho “Neuroimagem e mediunidade: uma promissora linha de pesquisa”, de Julio Peres e Andrew Newberg, usava recursos da neuroimagem para investigar a mediunidade. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que “regiões e sistemas cerebrais mediam os diferentes aspectos da experiência religiosa”, descartando, assim, a teoria ponto de Deus — que postulava um local no cérebro como responsável pela experiência com o divino. Os estudos sugeriram ainda que há uma maior atividade do córtex frontal e pré-frontal (áreas responsáveis pela motricidade voluntária) durante experiências religiosas. Outros achados incluem “um aumento da atividade nas redes atencionais relacionadas ao pensamento reflexivo durante tais experiências”. Os lobos frontal e parietal, segundo alguns levantamentos, são as áreas do cérebro correlacionadas com elementos psicológicos e cognitivos específicos dessas vivências.


Falando em investigação, para os cientistas, a existência de comunicação entre vivos e mortos não é o foco das pesquisas científicas. Para eles, o que importa mesmo é saber qual interpretação a pessoa que vivencia a experiência atribui a ela. Contudo, os estudos demonstram curiosidade em saber o que se passa no cérebro de um médium incorporado, apesar de as pesquisas sobre o assunto ainda serem esparsas. “Em linhas gerais, os resultados demonstram que as experiências espirituais como a mediunidade não estão ligadas a apenas uma região, mas a um complexo padrão de ativação de diversas áreas cerebrais”, afirma Alexander Moreira Almeida.


Com o psicólogo Julio Peres e Andrew Newberg, neurocientista norte-americano pioneiro no estudo neurológico de experiências religiosas e espirituais (conhecido como neuroteologia), Almeida participou de uma pesquisa que buscou descobrir as diferenças de funcionamento do cérebro de médiuns quando eles psicografavam em relação a quando escreviam um texto fora do estado de transe. O estudo, feito na Universidade da Pensilvânia (EUA), usou tomografias para comparar os resultados. “Eles mostraram que os textos psicografados eram mais complexos do que os escritos em estado normal de consciência”, resume. “Apesar disso, entre os médiuns mais experientes, ao contrário do que seria esperado, durante a psicografia, houve menor ativação de várias áreas cerebrais ligadas à construção do discurso e ao pensamento mais elaborado.”


A investigação neurocientífica de experiências espirituais abrange, ainda, a própria saúde mental dos médiuns, uma vez que pode existir a possibilidade de essa faculdade ser, na realidade, causa ou consequência de doenças mentais. Para os médiuns, uma boa notícia: de acordo com o psiquiatra, estudos recentes indicam que eles “possuem boa saúde mental e que essas experiências podem estar associadas a bons níveis de ajustamento social”.


Maria Liosmira Rodrigues dos Santos, 49 anos, passou por várias consultas até descobrir a razão pela qual acordava, sem explicação aparente, em qualquer lugar, menos na própria cama. Quando ainda era adolescente, por volta dos 19 anos, era comum que dormisse em casa e acordasse, por exemplo, no meio do mato. Durante os “acessos de loucura”, como ela define, sintomas como alucinações (via seres andando em telhados), gritos e pessoas que chamavam seu nome eram comuns. “Claro que o diagnóstico era sempre loucura”, resume a costureira e comerciante. Esquizofrenia e transtorno dissociativo de personalidade (mais conhecido como dupla personalidade) eram resultados frequentes nos veredictos dos médicos.


Se a saúde não está bem, não é somente o corpo que reclama: para Maria Liosmira, a mediunidade também se manifesta nessas ocasiões, seja com dores nas pernas, seja com fobias e dores de cabeça inexplicáveis, como no caso dela. “Depois de seis meses de consultas e exames, fui ser curada em um terreiro”, relembra. Quando se mudou para o Maranhão, ela encontrou, no município de Caxias, um povoado chamado Narazé do Bruno, um terreiro de terecó. A religião tem raízes afro-brasileiras e é mais popular em Codó, cidade maranhense a 300km de São Luís. Desde então, Maria Liosmira é mais conhecida pela alcunha de Dalila de Légua.


A linha adotada pela crença de Dalila de Légua é curadora, ou seja, se vale da chamada cura espiritual. Semelhante à umbanda, misturou-se a elementos do catolicismo, aos ancestrais indígenas e à encantaria. “Todo e qualquer culto afro, ou se procura por amor ou pela dor”, opina. Pelo amor seriam os curiosos, “que acham bonito”. A dor, para ela, é o caminho que mais leva à espiritualidade. “Não é uma coisa que se escolha, mas é possível desenvolver em qualquer religião”, resume. “Tem coisas na vida que não dá para se explicar. Somente depois que se vê o resultado é que se vai encontrar explicação. A questão é que, até hoje, nunca mais na minha vida acordei em mato, na rua. Nunca mais me perdi sem me encontrar. Reencontrei o sentido da vida.”


No espiritismo

De acordo com O Livro dos médiuns, de Allan Kardec, há oito principais tipos de médiuns:
Médiuns de efeitos físicos: aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos dos corpos inertes, os ruídos etc.;

Médiuns sensitivos ou impressionáveis: pessoas capazes de sentir a presença dos espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de arrepio que elas mesmas não sabem o que é;
Médiuns audientes: são os que ouvem a voz dos espíritos (mas não necessariamente transmitem o que ouvem);

Médiuns falantes: nessa modalidade, os espíritos agem sobre os órgãos vocais para verbalizar mensagens. Em geral, a pessoa se exprime “sem ter consciência do que diz e quase sempre tratando de assuntos estranhos às suas preocupações habituais, fora de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua inteligência”;

Médiuns videntes: são aqueles dotados da faculdade de ver os espíritos;

Médiuns sonâmbulos: para os espíritas, esse fenômeno é considerado como uma variedade da faculdade mediúnica. “Muitos sonâmbulos veem perfeitamente os espíritos e os descrevem com a mesma precisão dos médiuns videntes”, segundo o livro;

Médiuns curadores: têm o dom de curar por simples toques, pelo olhar ou mesmo por um gesto, sem nenhuma medicação;

Médiuns pneumatógrafos: são aqueles com aptidão para obter a escrita direta.


Fonte: O Livro dos médiuns, de Allan Kardec.


Na umbanda

A mediunidade é expressa de várias. Veja algumas modalidades mais comuns:
Intuição: por meio do pensamento, o médium recebe informações, conselhos ou mensagens dos espíritos;

Incorporação: acontece quando a vibração da entidade se sintoniza com a do médium. Pode ser total ou parcial; ou seja, a pessoa pode ou não se recordar do que aconteceu durante o processo;

Audição: o médium seria capaz de, literalmente, ouvir os espíritos;

Vidência: permite ao médium visualizar as entidades;

Clarividência: permite ao médium visualizar fatos do passado e/ou do futuro. Acredita-se que ele seja capaz de tomar conhecimento da vida em outros planos espirituais, bem como ver os corpos astrais e mentais das pessoas;

Transporte: acontece quando o espírito deixa o corpo para “dar uma volta”, ou seja, é capacidade de visitar outros lugares espiritualmente. Pode ser voluntário ou involuntário;

Desdobramento: quando o espírito do médium sai de seu corpo, vai a outro local e fica visível a outras pessoas;

Psicografia: acontece quando o médium recebe informações dos espíritos por meio da escrita.


Paulo Henrique Wedderhoff, coordenador do grupo de exercícios mediúnicos, um módulo do curso de estudos da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE), diz que o caminho para desenvolver a mediunidade ao máximo leva, em média, cinco anos. Até lá, é possível perceber-se médium nas pequenas coisas, até mesmo quando se compartilha conhecimento. “Se você lê um livro que o impactou e divide esse conteúdo com alguém, você está mediando um conhecimento que veio de outro espírito que não é o seu”, exemplifica. “A mediunidade é muito extensa e não se limita à troca do polisistema cultural, espiritual e corporal.”



Para Ruy Meireles, do Centro Espirita Paz e Amor, a mediunidade é uma grande oportunidade de aprendizado

Para os espíritas, a mediunidade seria uma característica do ser. Uma vez que todos teríamos espírito, logo, todos seríamos médiuns. Mais que um dom, seria uma habilidade — que, como todas as outras, precisa ser estimulada e treinada até a perfeição. O objetivo da mediunidade, segundo Wedderhoff, é acessar pensamentos que estão nas “redes mentais”, algo como uma internet universal unindo encarnados de desencarnados. “Por isso a frase ‘orai e vigiai’. Não é para ficar com medo, mas para pensar no que se diz. No banco das ideias, o que manda é a qualidade do pensamento, que determina a qualidade do que se acessa.”


No espiritismo, Wedderhoff explica que o conceito de incorporação é um pouco diferente do que prega o senso comum. Segundo o religioso, o médium jamais se ausenta do próprio corpo. Seria algo como tradução simultânea, com a diferença de que, no processo mediúnico, o espírito emite um pensamento, com base em dados do seu acervo cognitivo e que recebe repassa as informações de acordo com suas habilidades. “Você (o médium) é titular de suas decisões. Se o espírito fala algo que você não concorda, você pode não passar isso para a frente”, reforça.


Antes de se render ao espiritismo, Ruy Barbosa Meireles, 64 anos, era católico de berço e cético a respeito das questões do além. Os velhos questionamentos — para onde vamos? De onde viemos? — pipocavam em sua mente. O aposentado, então, resolveu tirar as dúvidas com o padre, mas as repostas pareciam incompletas. Foi quando, há 25 anos, um amigo emprestou a ele o Livro dos Espíritos, obra fundadora da Doutrina Espírita, escrito por Allan Kardec (pseudônimo do educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail).


Hoje, Ruy comanda o Centro Espírita Paz, Amor e Caridade, na cidade goiana de Luziânia. O caminho até se tornar médium foi longo e permeado por anos de estudo e prática. Assim que adotou a doutrina, começou um curso de um ano e meio para iniciar o desenvolvimento da habilidade: seis meses exclusivamente focados na teoria e o restante em uma mistura de conhecimento e prática. “Foi aí que descobri que tinha sensibilidade mediúnica”, completa. “Sentia coisas, escutava barulhos e sentia presenças que não estavam ao meu lado, que se manifestavam como vultos.”


Antes de saber como essa habilidade funcionava, Ruy ignorava sinais que chama de “fatores mediúnicos”. A sensação de estar sendo observado (sem, de fato, ter alguém olhando) é um dos exemplos de que a sensibilidade para o mundo espiritual pode estar aflorada. “A mediunidade é uma faculdade orgânica do ser humano”, justifica. Como um motorista prestes a tirar a habilitação, além das palestras explicativas, quem quer evoluir tem na prática algo essencial para desenvolver a habilidade de se comunicar com o “outro lado.”


Basicamente, Ruy descreve esse processo como uma exposição aos objetos de estudo. Em uma sala, o médium responsável por conduzir a aula incorpora espíritos protetores, que irão garantir que tudo corra bem. Os alunos se concentram, esquecem o mundo exterior e são conduzidos a um estado quase meditativo. Os espíritos presentes, então, se aproximam dos alunos, para que saibam qual é a sensação de estar próximo a uma entidade. “Nesse contato, sinto um arrepio gostoso e, às vezes, desconfortável”, descreve. “É um bem-estar, uma alegria.” A última etapa (que demora anos até ser alcançada) é a incorporação propriamente dita.


Durante todo o processo, é crucial que a pessoa esteja tranquila e confiante. A aproximação do espírito, de acordo com Ruy, é sutil. “Não pense que é como ser atropelado por um ônibus”, compara. Além de incorporar entidades, ele também psicografa mensagens, tem vidência (capacidade de captar lampejos e impressões do que se passa no plano astral) e passa pelo processos de desdobramento (quando o espírito sai do corpo “hospedeiro” e, literalmente, passeia por outros locais). “A mediunidade é a grande oportunidade para aprender”, analisa. “Se incorporo um irmão sofredor, que passou por dificuldades, isso serve como exemplo para mim. Algo como: ‘Não faça isso, veja no que deu’.”


A troca de espíritos

Na umbanda, acredita-se que as entidades se apresentem sob a forma fluidílica de caboclos, pretos velhos, crianças e exus. Quem explica é Pedro Miranda, presidente da União Espiritista de Umbanda do Brasil (Ueub). Segundo Miranda, cada uma dessas formas de apresentação tem uma finalidade, que vão desde os chamados passes magnéticos (transposição de energia para o corpo físico do paciente), à cura espiritual. Quando incorporado por uma dessas classes de entidades, o médium, segundo a crença umbandista, “divide” o espaço do corpo para que o espírito o use como ferramenta para ajudar quem precisa.


Aristóteles Talaguibonan Freitas Arruda, 33 anos, é um sacerdote da umbanda. O advogado conta que sua trajetória rumo ao desenvolvimento espiritual começou ainda criança. Aos 4 anos, ele já acompanhava os pais nos cultos. Por volta dos 8, os sinais de que era um médium de incorporação começaram a surgir. “Quando eu participava dos cultos, sentia palpitação, uma sensação de arrepio, até que entrei no estágio de transe”, descreve. Por ter começado tão jovem, Talaguibonan (seu nome espiritual) associa a mediunidade à discriminação. A discriminação sofrida na escola, para ele, ainda é um quesito marcante no que diz respeito à própria espiritualidade. “Passei por preconceito por conta da minha opção religiosa, que nem foi bem uma opção”, conta.


As guias (colares feitos com contas coloridas que fazem parte do uniforme dos médiuns) eram motivo de chacota, assim como as roupas brancas. Mesmo na faculdade, Talaguibonan conta que era excluído, por puro desconhecimento. “Eu era o macumbeirinho, o bruxo, qualquer coisa, menos religioso.” De qualquer forma, o advogado conseguiu prosseguir com sua missão espiritual. Hoje, pai de santo (cargo de alta importância no terreiro), não se ressente. Prefere tratar do tema como um aprendizado. “Ninguém ama o desconhecido, mas ele causa interesse, curiosidade. Faz com que as pessoas busquem se conhecer.”


Na espiritualidade, Talaguibonan conta ter encontrado seu canal para se religar ao sagrado. Por meio da mediunidade, ele diz ter acesso ao Deus que acredita. “É algo que me acalenta. Me considero um escolhido, um privilegiado.” Dependendo da entidade que recebe, ele conta que a sensação muda. Em linhas gerais, há um “apagão”: quando tudo termina, é como se nada tivesse acontecido. Algumas entidades, contudo, consomem grandes quantidades de bebida alcoólica e/ou tabaco, substâncias que causam uma certa rebordosa no médium no momento seguinte à incorporação. “Não fico bêbado, mas sinto a indisposição do álcool”, descreve.


A mediunidade, de acordo com Pedro Miranda, presidente da Ueub, é genérica e extensiva a todos os campos de entendimento. Na umbanda, ela é chamada de incorporação, embora o termo seja impróprio, na visão do religioso. “O espírito não entra no corpo. O guia vibra pelo nosso sistema nervoso, tocando nessas células, o que chamamos de desenvolvimento”, justifica. “As células vão se adaptando àquela vibração, até que se possam fazer a ligação que chamamos de incorporação.” Além dessa modalidade, há a mediunidade de audiência, visão e desdobramento astral. “Ela tem várias formas de apresentação, mas não há mistérios. A limitação da mente humana é que, às vezes, coloca mistério.”


Grande parte das entidades da umbanda já pisaram em terra firme e tiveram experiências no corpo físico. Desencarnados, foram preparados para trazer a quem ficou um pouco da experiência que tiveram e orientar a condução da vida de quem está na Terra. O objetivo do médium é o “trabalho”, termo que se refere ao ato de retribuir a habilidade, considerada uma dádiva dos seres humanos. “As entidades são portadoras de mensagens, não são nossas propriedades”, reforça. “Elas vêm para esclarecer, ajudar e curar aqueles que necessitam de auxílio espiritual.”


Ainda de acordo com o umbandista Pedro Miranda, todos temos uma vibração específica. Algumas se encaixam com o espiritismo, outras, com o catolicismo, e assim por diante. Fábio Araújo, 44 anos, vibra na faixa da umbanda desde cedo. Atualmente, ele se considera um sacerdote da religião. Desde os 12, incorpora entidades e trabalha ativamente em um terreiro desde então. “Nessa idade, você começa a aprender a viver, a saber o que é certo e errado. Ser médium me deu um rumo, uma direção.”


Filho de pais enérgicos, Fábio via na espiritualidade um ponto de apoio emocional que não encontrava dentro de casa. “Poucas pessoas que conheci na juventude estão vivas hoje. Muitas foram assassinadas, porque mexiam com coisas ilícitas”, comenta. “Tivemos uma adolescência muito complicada, sem aquele acompanhamento de pai e mãe. A espiritualidade foi o que me deu esse direcionamento.”



Adaíldo diz que o candomblé manifesta "a força do amor"

Quando está incorporado, Fábio não sente nada. Segundo ele, é como acordar de um sono pesado. Antes da entidade se aproximar, contudo, há uma série de “sintomas”. Os médiuns, primeiro, passam a mentalizar aquilo que buscam, como na meditação. Depois, a entidade “baixa”, no jargão da umbanda. Muitas vezes, a incorporação vem de uma vez, porém, na maioria dos casos, é resultado de um longo processo. “Cada ser humano tem a sua e ela aflora. São caminhos que se deve escolher.”


Confessionário da alma
Presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno, Rafael Moreira explica que, diferente da umbanda, no candomblé há a incorporação de divindades da natureza, conhecidas como orixás, os deuses supremos — ou santos, no sincretismo com o catolicismo. Enquanto na umbanda as entidades (encarnadas ou desencarnadas) descem à Terra para atender a uma pessoa, no candomblé, o orixá descarrega o local (como uma limpeza espiritual). “Ele está acima das entidades. Oxalá, por exemplo, é a representação de Deus, ou seja, são as bênçãos maiores.”


Incorporar, contudo, não é uma finalidade na religião. Cada um tem um dom específico: alguns, para a incorporação de entidades voltadas para a ajuda social, como os umbandistas. Outros, para a incorporação de orixás. Há ainda os que não incorporem nem um nem outro. “O processo não se dá somente porque você vai ao terreiro”, reforça Rafael Moreira. “Cada ser humano tem sua missão na Terra, em qualquer crença.” Médiuns antigos teriam mais capacidade para se manterem conscientes ao longo do processo. “É como se fosse um confessionário”, compara. “Por mais que a pessoa veja e escute o que está acontecendo, não pode falar. Quem fala por ela é a entidade.”


No candomblé, a mediunidade funciona como uma meritocracia misteriosa: a decisão sobre quem será agraciado com o dom é dos orixás. “Sempre falamos que alguns vêm para a religião por vaidade, outros pela ajuda social, e outros porque não tem jeito: vão para um lado e para o outro, mas as entidades o trazem.” Para ser um bom médium, contudo, não basta ter essa faculdade ou estudar bastante. É preciso estar de bem não apenas com a própria espiritualidade, mas em todos os aspectos da vida. “Uma pessoa, para sair de si, tem que se entregar à incorporação.”


“Horrível!”. É assim que Adaíldo Lopes dos Santos, 47 anos, define sua primeira experiência de incorporação. Ele considera o início de sua história com o candomblé “engraçada”. Há 30 anos, o assessor técnico da Secretaria de Defesa da Mulher e da Igualdade Racial teve leucemia e nada parecia dar certo. Evangélico, ele superou seus preconceitos e resolveu conhecer um culto da umbanda. Na primeira vez que pisou no terreiro, incorporou o caboclo Sete Flechas. Lá, aprendeu a única cura bem-sucedida, segundo ele. “Não era uma doença, era só uma cobrança de santo”, justifica. Cobrança de santo, de acordo com o religioso, significa uma oportunidade de se encontrar no mundo dos orixás, como se as entidades o estivessem chamando.


Antes de acabar no terreiro, o plano inicial era ir para uma vigília evangélica (reuniões de oração, louvor e pesquisa bíblica). Com a mudança de planos, Adaíldo colocou a Bíblia debaixo do braço e foi, rumo ao desconhecido. “Não estava com medo. Estava, na realidade, observando o que acontecia e criticando por dentro.” O servidor público tomou coragem por lembrar as vezes que assistiu, escondido, a irmã, umbandista de longa data, praticar os rituais. “Nesse dia, eu estava indo para o culto, escutei o tambor e o segui”, relembra.


Adaíldo não achou a sensação de incorporar muito agradável da primeira vez. “Parece que eu tinha tomado um litro de cachaça. A minha cabeça rodava o tempo todo e o chão balançava comigo.” Depois disso, ele apagou. Não se lembra de nada do que foi dito pelas entidades, só sabe o que lhe contaram. Hoje, é sacerdote do candomblé e comanda um terreiro em Luziânia (GO). Para ele, a mediunidade se desenvolve de várias formas, mas, principalmente, no respeito ao próximo. “Quando eu era evangélico e chegava em uma casa de candomblé, não respeitava aquela pessoa. Tudo o que eles estavam fazendo, para mim, era em adoração ao satanismo”, analisa. “Depois que você recebe essa energia, descobre que há uma força muito além de tudo isso, que é a força do amor, do respeito.”


Contar a novidade para a família evangélica foi um desafio. Quando aderiu à religião, aos 17 anos, até tomar coragem para falar, Adaíldo aproveitava quando faltava luz para acender velas e oferecê-las para as entidades. “Quando eles descobriram, fui criticado por uns, enquanto outros tiraram o chapéu”, descreve. Adaíldo tem irmãos pastores e irmãs missionárias, mas garante que, quando todo mundo se reúne, o assunto religião não gera polêmica. “Nós nos respeitamos como família.”


Estudos espirituais

Não é de hoje que a ciência busca entender como funcionam algumas manifestações religiosas. A mediunidade não é exceção. Veja alguns exemplos de trabalhos importantes que tentaram desvendar um pouco do desconhecido:

No estudo Fenomenologia das Experiências Mediúnicas, Perfil e Psicopatologia de Médiuns Espíritas, de 2004, o psiquiatra Alexander Moreira de Almeida estudou 115 médiuns com o objetivo de definir o perfil sociodemográfico e a saúde mental dessas pessoas, bem como a fenomenologia e o histórico de suas experiências mediúnicas. Os participantes responderam vários questionários — como o Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire (SRQ), instrumentos planejados para triar transtornos mentais. A conclusão foi que “os médiuns estudados evidenciaram alto nível socioeducacional, baixa prevalência de transtornos psiquiátricos menores e razoável adequação social”;

Em sua tese de doutorado, pela Unicamp, a historiadora Eliane Moura da Silva analisou a relação entre psiquiatria, espiritismo e doenças mentais, ou “o processo de construção da representação da mediunidade enquanto loucura”. O foco do estudo foi o período entre 1900 e 1950, quando essas experiências passaram a ser interpretadas pelos psiquiatras como causa e/ou manifestação de doenças mentais;

Há também estudos recentes investigando a origem da mediunidade, buscando desvendar se médiuns podem realmente obter informações que não estão disponíveis a eles pelas vias convencionais. O vídeo Pesquisa sobre cartas psicografadas por Chico Xavier (disponível no YouTube), foi feito pelo Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da UFJF (Nupes) em uma pesquisa para a USP, em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora, o tema é abordado a partir do contexto histórico da mediunidade.
Fontes: Centro Espírita Urubatan, SaúdePlena e Filosofia Imortal

Conheça as etapas de um ritual de exorcismo?




Muita gente acredita que essa história de expulsar forças malignas do corpo de alguém é o tipo de coisa que só se vê em filmes de terror. Afinal, Hollywood não se cansa de explorar — e capitalizar com — o tema, tendo produzido um sem fim de longas, como “O Exorcismo de Emily Rose”, “O Último Exorcismo”, “O Ritual” e o clássico “O Exorcista”, sendo que muitos deles inclusive vêm acompanhados com o alerta: baseado em uma história real.


No entanto, os rituais de exorcismo são levados muito a sério e vêm sendo realizados há séculos. A ideia de que entidades são capazes de invadir os corpos dos crentes é originária principalmente do judaísmo e cristianismo e, basicamente, o exorcismo é realizado por um sacerdote para expulsar o demônio de uma pessoa, objeto ou local.


Existem outras crenças que aceitam a noção de possessão — especialmente de pessoas — tanto do bem como do mal por determinados períodos de tempo, e isso não tem uma conotação necessariamente negativa. Já o ritual que normalmente vemos retratados em filmes de terror é apenas um dos vários que são conduzidos pela Igreja Católica.


Entre os diferentes tipos estão o exorcismo batismal, realizado para abençoar uma criança antes do batismo para livrá-la do mal resultante do pecado original; o simples, feito para bendizer um local ou objeto e libertá-lo da influência do mal; e o real, que é o praticado em pessoas que estão possuídos por demônios.


Na matéria abaixo falaremos dos principais passos do ritual criados inicialmente em 1614 e redefinidos pela Igreja em 1999.

As etapas para realizar um exorcismo


1. Antes de mais nada, será que um exorcismo é mesmo necessário? Atualmente, o discurso da Igreja é tentar descartar casos de mero problema mental ou fraude. Os padres devem procurar a ajuda de médicos e psicólogos simpáticos à fé católica. Nos EUA, pede-se até que o fiel a ser exorcizado assine um termo de consentimento.


2. Se o problema é realmente espiritual, o padre ainda deve solicitar outra autorização: a do bispo a que está subordinado. Essa é uma das primeiras regras definidas no Rituale Romanum (“Ritual Romano” clique AQUI para saber mais sobre esse ritual), espécie de manual que padroniza os ritos sagrados da Igreja. Sua seção dedicada à prática do exorcismo foi revisada e reescrita recentemente, em 1999.


3. O sacerdote deve se vestir apropriadamente, usando a sobrepeliz (uma veste branca usada por cima da batina propriamente dita) e a estola roxa. A cor simboliza penitência e conversão – só é utilizada normalmente ao longo do ano durante a quaresma e os quatro domingos antes do Natal .


4. A vítima, se for violenta, pode ser amarrada, com o devido cuidado para não machucá-la. O exorcista começa o ritual abençoando-a, primeiro com o sinal da cruz e depois com água benta. Ele também concede essas bênçãos a si mesmo e a todos os outros presentes (familiares e pessoas próximas podem ou não acompanhar o processo).


5. A primeira fase da cerimônia é dedicada a invocar os poderes “do Bem” concedidos à Igreja por Deus, Jesus Cristo e os santos. Para isso, são rezados a chamada Ladainha de Todos os Santos (em que os principais santos recebem o pedido “intercedei por nós”) e o Salmo 53, que pede que Deus salve o fiel de inimigos malignos.


6. Após esse momento o ritual tem início de fato, o sacerdote manda a entidade declarar seu nome e deixar o corpo da pessoa.


7. Em alguns casos o invasor se recusa a deixar a vítima. Segundo exorcistas experientes, cada caso é diferente. Há demônios que soltam gritos assustadores, zombam do exorcista, tentam atacar o padre e outros ao redor ou mesmo que fingem ter partido, deixando até que sua vítima receba a comunhão.


Como sacerdotes católicos se qualificam para a prática
Introdução – Há poucos cursos específicos para essa área na Igreja Católica. Seminaristas não aprendem técnicas de exorcismo em seu currículo normal, embora sejam familiarizados com a doutrina teológica da Igreja sobre a existência e a atuação de Satanás e seus asseclas.


Preparação – Nem todo sacerdote está qualificado para sair por aí combatendo o capeta. Ele tem de obter “distinção em piedade, conhecimento, prudência e integridade de vida”. Católicos leigos não devem se arriscar.


Graduação – Em 2005, a Associação Internacional de Exorcistas, criada por sacerdotes italianos, organizou o primeiro curso de nível universitário na área, em Roma. No currículo, aulas de teologia focada em demônios, medicina, psicologia e sociologia dos cultos satânicos.


Mercado de trabalho – Como seria de imaginar, há uma relativa falta de exorcistas. Para remediar o problema, em 2004 a Congregação para a Doutrina da Fé, um dos órgãos da Igreja, ordenou que cada diocese designasse seu exorcista “oficial”.


O que afirmam os céticos

De acordo com Michael Cuneo, um pesquisador que viajou o mundo e assistiu a mais de 50 rituais de exorcismo, em nenhum deles ele presenciou qualquer evento sobrenatural — como corpos levitando, cabeças girando ou arranhões satânicos aparecendo de repente na pele — ou que não pudesse ser explicado. Segundo disse, na maioria dos casos, os envolvidos (possessos e exorcistas) eram pessoas profundamente perturbadas emocionalmente.


Conforme apontam os céticos, geralmente os exorcismos são praticados em pessoas com fortes convicções religiosas, portanto, existe uma grande discussão com respeito ao fato de que a psicologia e o poder da sugestão têm um importante papel no ritual. Sendo assim, se o afetado estiver convencido de que está possuído e de que o exorcismo vai funcionar, então é provável que funcione mesmo.


Com respeito aos sinais de possessão, os “descrentes” apontam a epilepsia, a síndrome de Tourette e a esquizofrenia como alguns dos possíveis culpados. Como você sabe, a epilepsia provoca crises caracterizadas pelo enrijecimento do corpo, grunhidos, salivação espumosa e revirar de olhos e cabeça.


Já a síndrome de Tourette provoca o movimento involuntário de algumas partes do corpo e a exteriorização verbal, frequentemente na forma de palavras obscenas. Por último, a esquizofrenia está associada ao surgimento de alucinações visuais e auditivas, paranoia, distanciamento da realidade e comportamento violento. Esses sintomas todos parecem familiares?


Controvérsias

Existem vários perigos associados à crença sobre a possessão demoníaca — e à interpretação equivocada de um sintoma que não tem nada de sobrenatural. Um exemplo disso é o caso de um garoto de 8 anos de idade que sofria de autismo e acabou falecendo durante um ritual de exorcismo por que os membros de sua congregação acreditavam que o demônio era o culpado por sua condição.


Outro caso conhecido foi o de uma freira na Romênia que morreu depois de ser presa a uma cruz, amordaçada e deixada durante vários dias sem comida ou água em um esforço para expulsar os demônios que habitavam seu corpo. A pobre mulher tinha apenas 23 anos e provavelmente sofria de esquizofrenia. Além disso, no Natal de 2010, um garoto britânico de 14 anos foi espancado e afogado por familiares que tentavam exorcizar espíritos malignos.


Fontes: SuperInteressante e MegaCurioso

Jujutsu Kaisen: Voz do Sukuna no Japão anuncia hiato devido à saúde


Em 2023, “Jujutsu Kaisen” marcou um dos grandes retornos no mundo do anime. No entanto, um desenvolvimento notável surgiu: um dos principais dubladores do Arco do Incidente de Shibuya está se afastando temporariamente por motivos de saúde. Felizmente, o problema de saúde foi descrito como menor, e o dublador planeja uma pausa de apenas duas a três semanas.

Junichi Suwabe, a voz por trás do Rei das Maldições Sukuna em “Jujutsu Kaisen”, é um dublador renomado com uma vasta gama de papéis em animes populares. Além de ser um dos antagonistas principais no shonen sobrenatural “Jujutsu Kaisen”, Suwabe desempenhou papéis significativos em “Black Clover”, “Hell’s Paradise”, “Bleach”, “Blue Lock”, “JoJo’s Bizarre Adventure” e “My Hero Academia”.

Declaração oficial de Junichi Suwabe


Suwabe divulgou uma declaração oficial, confirmando seu afastamento provisório da dublagem por cerca de duas a três semanas. Ele detalhou sua situação de saúde, explicando que, apesar de não enfrentar problemas em seu trabalho ou vida cotidiana, seu médico recomendou uma “pequena cirurgia”. Suwabe expressou seu amor contínuo pela dublagem, destacando seus quase 30 anos de carreira. Ele enfatizou o desejo de se recuperar rapidamente após a cirurgia e pediu aos fãs que evitassem preocupações excessivas ou especulações nas redes sociais.

RM e V, membros do BTS, iniciam serviço militar obrigatório na Coreia do Sul?

Saudações leitores do blog Mundo do Boso hoje eu trago para vocês uma postagem sobre cultura pop confira a baixo as mais recentes notícias sobre o BTS.


Os cantores RM e V da banda K-pop BTS iniciaram seus deveres militares obrigatórios sob a lei sul-coreana, anunciou a empresa responsável pela gestão dos cantores, na segunda-feira (11). Outros dois integrantes do grupo, Jimin e Jung Kook, também se apresentarem para o serviço, no dia anterior.

Outros membros do BTS – Jin, J-Hope e Suga – já estão recrutados há meses. Os sete cantores da popular banda de K-pop planejam se reunir como grupo em 2025, após terminarem seu serviço.


Jin e J-Hope estão servindo no exército enquanto Suga cumpre seu dever como agente de serviço social, uma forma alternativa de serviço militar.


De acordo com a HYBE, empresa de gestão da banda, RM e V chegaram a um campo de treinamento militar na cidade central de Nonsan para iniciar o serviço obrigatório de 18 meses.


A empresa não confirmou se Jimin e Jung Kook também estariam no campo de treinamento.


“Estou muito feliz por ter feito parte do BTS nos últimos 10 anos… Dezoito meses podem parecer longos e curtos ao mesmo tempo, e tenho certeza que este período será um momento novo, de inspiração e aprendizado. Para todos nós”, disse RM em comunicado publicado em sua conta do Instagram. "Vejo vocês no futuro. Eu te amo muito."

RM e V receberão cinco semanas de treinamento de combate antes de serem designados para unidades e funções específicas. A Administração Militar de Recursos Humanos enfatizou que os cantores passariam pelo mesmo processo que outros homens sul-coreanos recrutados para o serviço.


De acordo com a lei sul-coreana, a maioria dos homens fisicamente aptos deve cumprir de 18 a 21 meses de serviço militar. Isenções especiais são concedidas a atletas e artistas clássicos que se destacam em determinados tipos de competições internacionais vinculadas ao prestígio nacional — mas tais privilégios não foram estendidos aos cantores de K-pop.


No ano passado, surgiu um debate público acirrado sobre se os membros do BTS deveriam prosseguir com os seus serviços militares, com alguns políticos argumentando que as suas realizações artísticas eram dignas de isenção.


A discussão terminou em outubro de 2022, quando sua empresa de gestão anunciou que todos os sete cantores da banda planejavam cumprir integralmente suas funções militares. Em dezembro, Jin se tornou o primeiro membro do BTS a entrar no exército e retirou seu pedido para adiar o recrutamento.


O BTS foi lançado em 2013 e tem uma legião de apoiadores globais que se autodenominam “Exército”.

Fonte: G1