Confesso que relutei um pouco antes de decidir escrever sobre esse assunto aqui. O que vou falar nesse artigo não é algo que qualquer pessoa consegue entender. De repente posso até virar motivo de chacota, mas mesmo assim vou em frente.
Vamos direto ao assunto
Antes deixa eu contar meu testemunho pessoal: posso dizer que minha infância não foi fácil... eu era atormentado constantemente por visões sobrenaturais, e isso para uma criança é horrível! Acredite em mim.
O que me deixava com mais medo era saber que eu iria ver aquilo novamente, mas não sabia quando. Essas coisas apareciam em intervalos irregulares e isso me fazia ser uma criança medrosa, pois ficava sempre apreensivo.
Eu evitava a todo custo ficar sozinho. Até quando ia tomar banho minha mãe tinha que ficar “de guarda” na porta do banheiro.
Mas o que mais me incomodava mesmo era quando eu ia contar sobre minhas visões para alguém e percebia que aquela pessoa não estava acreditando em mim. Isso me deixava doido!
Sobre as visões
Minhas visões eram nítidas. Isso significa que eu não via vultos. Quando eu via alguma coisa, podia observar detalhes, tais como cor dos olhos, roupas, cor da pele, etc. Em alguns casos essas entidades apareciam e sumiam do nada. Uma delas, talvez a mais marcante, tinha uns três ou quatro metros de altura e apareceu num terreno baldio.
Elas apareciam tanto quando eu estava sozinho ou acompanhado, mas só eu conseguia enxerga-las. Às vezes se mexiam, outras vezes ficavam estáticas. Em momento algum essas entidades conversaram comigo. Elas ficavam sempre caladas.
Em pelo menos três ocasiões essas entidades conseguiram mover coisas materiais. Uma delas deu um tapa em uma vela que eu tinha acendido para o meu pai no dia dos finados (quando ainda era católico), mandando a vela longe.
Em vista disso passei a infância toda tentando entender porque só eu podia ver aquelas coisas. Cogitava na possibilidade de ser a única criança do mundo com esse “dom”. Claro que na minha época de criança não era tão fácil pesquisar sobre essas coisas, pois não existia internet. Quando a gente queria pesquisar sobre alguma coisa, tínhamos que ir até uma biblioteca e passar horas folheando livros. Era algo realmente muito cansativo!
Hoje sei que essa capacidade que algumas crianças têm de ver espíritos é mais comum do que eu imaginava. Já li diversos relatos, vi muitos vídeos sobre o assunto. Até conheci pessoalmente pessoas que também tiveram visões durante a infância.
Se você conhece alguma criança que diz ver espíritos, não duvide dela. Ela pode estar dizendo a verdade.
Tentativas de explicar o fenômeno
“Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: ‘É um fantasma!’ E gritaram de medo. ” (Mateus 14:26)
Praticamente todas as religiões têm suas explicações sobre isso. Evangélicos provavelmente dirão se tratar de visões demoníacas, visto que para eles os mortos estão incomunicáveis. Católicos provavelmente vão dizer que são espíritos de pessoas falecidas e por aí vai.
Para alguns espíritas a capacidade de ver espíritos não é necessariamente um dom sobrenatural, mas uma habilidade física ligada à glândula pineal, uma pequena glândula localizada na parte central do cérebro e que tem a função de produzir melatonina, um hormônio derivado da serotonina, que é capaz de ajudar o seu organismo a se preparar para dormir.
Alguns místicos consideram essa glândula como sendo um tipo de “terceiro olho” ou um tipo de “antena que se comunica com o mundo espiritual”.
Renê Descartes, cerca de 400 anos atrás, dizia que a glândula pineal é o ponto onde a alma se liga ao corpo.
Para a ciência convencional essas visões não têm nada a ver com o sobrenatural, mas são criadas pelo próprio cérebro. Alguns cientistas acham que frequências eletromagnéticas baixas podem estimular determinadas áreas do cérebro e criar ilusões.
As experiências
Michael Persinger
O neurologista Michael Persinger (1945 - 2018), por exemplo, usava ondas eletromagnéticas para fazer testes com pessoas desde a década de 1980 e parece que andou tendo êxito em provocar algumas alucinações em suas cobaias humanas usando o seu famoso “capacete de Deus”, um dispositivo que produzia essas frequências eletromagnéticas baixas (Cook e Persinger, 1997).
Capacete usado nos estudos de Persinger (Capacete de Deus)
Questionando os resultados de Persinger No entanto, porém, uma equipe de psicólogos suecos liderada por Pehr Granqvist da Universidade de Uppsala resolveu visitar o laboratório de Persinger para coletar dados adicionais sobre a pesquisa e acabou descobrindo que as “cobaias de Persinger” sabiam sobre o uso das frequências eletromagnéticas, o que deve ter comprometido os resultados do estudo, uma vez que as visões dessas pessoas poderiam estar ocorrendo por sugestão e não por causa dos sutis campos magnéticos (Granqvist et al. 2005; Larsson et al. 2005).
Refazendo os testes e descobrindo a verdade
Para descartar essa possibilidade em seu próprio trabalho, Granqvist fez com que todos os seus participantes usassem o capacete emprestado de Persinger, mas assegurou que as bobinas fossem ligadas apenas na metade dos participantes. Nem os participantes e nem os experimentadores sabiam quando os campos magnéticos estavam ligados e quando estavam desligados.
Os resultados foram desapontadores. Granqvist descobriu que os campos magnéticos não tinham absolutamente nenhum efeito.
Portanto o mistério continua, assim como nossa curiosidade: o que faz com que algumas crianças consigam ver espíritos? Por que nem toda criança consegue ver? Por que na maioria dos casos essas crianças deixam de ver espíritos quando alcançam certa idade? São respostas que nem a religião e nem a ciência podem nos dar com 100% de certeza. Só Deus sabe!
Fonte:https://neoateismodelirante.blogspot.com/2018/12/criancas-que-enxergam-espiritos.html