terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Rev. Larry Christenson, pioneiro luterano carismático

Julio Severo

O Espírito Santo e seus dons e visitações sobrenaturais são realidades presentes somente nas histórias da Bíblia? De jeito nenhum. Até mesmo hoje suas manifestações acontecem até mesmo nos ambientes teológicos mais secos.

Um pastor luterano nos Estados Unidos se tornou uma potência carismática depois de um encontro de poder com o Espírito Santo. Ele se tornou um dos teólogos luteranos mais proeminentes dos EUA.
O Rev. Larry Christenson (1928-2017) foi um pioneiro da renovação carismática não só na Igreja Luterana nos EUA, mas também em outras grandes denominações tradicionais 50 anos atrás.
Quando tinha pouco mais de 30 anos, Christenson era um pastor luterano na cidade de San Pedro, Califórnia, que veio a acreditar no inicio da década de 1960 que Jesus Cristo ainda cura os enfermos hoje como Ele curava 2 mil anos atrás.
Essa convicção levou Christenson a aceitar que os outros dons do Espírito Santo ainda estavam disponíveis hoje.
Ele próprio foi batizado no Espírito Santo e começou a falar em línguas numa igreja Assembleia de Deus local que ele visitou em 1961.
Christenson decidiu permanecer em sua denominação luterana, onde ele se tornou um grande defensor e líder da renovação carismática que estava varrendo as grandes igrejas tradicionais.
Sua própria igreja em San Pedro se tornou tão popular que poderia muito bem ter se tornado uma mega-igreja, pois luteranos curiosos sobre o batismo no Espírito Santo iam aos montes ali. Mas ele sempre os incentivava a voltar para suas próprias congregações para serem força e luz.
Os livros de Christenson, “Speaking in Tongues” (Falando em Línguas, 1968) e “The Christian Family” (A Família do Cristão, 1970), se tornaram best-sellers. “A Família do Cristão” vendeu mais de dois milhões de exemplares e foi traduzido em mais de 12 línguas. Outros incluíram “The Renewed Mind” (A Mente Renovada, 1974); “Charismatic Renewal Among Lutherans” (Renovação Carismática entre Luteranos, 1976) e “Welcome, Holy Spirit” (Bem-vindo, Espírito Santo, 1987). “A Família do Cristão” e “A Mente Renovada” estão disponíveis em português pela Editora Betânia há muitos anos.
Christenson também escreveu uma introdução do meu e-book “Teologia da Libertação versus Teologia da Prosperidade,” publicado em 2013. Esse e-book foi pioneiro contra a Teologia da Missão Integral, a versão protestante da Teologia da Libertação. No e-book ele disse:
“Julio Severo enfatiza uma realidade dos cristãos no Brasil que se revela em outros países também. Igrejas e teólogos liberais tentam unir a fé cristã ao socialismo, uma filosofia política secular. O resultado: em grande parte eles falam uns com os outros enquanto a influência e o número de membros de suas igrejas diminuem. Enquanto isso, as igrejas pentecostais estão chegando até os pobres e fracos, e mais recentemente, com a propagação do movimento de renovação espiritual em muitas igrejas, até pessoas de todos os níveis sociais e profissionais. A mensagem dessas igrejas é uma mensagem bíblica e simples sobre a salvação por meio de Cristo, e vida nova no poder do Espírito Santo. Essas igrejas crescem e vidas estão sendo transformadas. Espero que a verdade neste livretinho cause impacto na vida e compreensão de muita gente no Brasil. E, quem sabe, até fora do Brasil!”
Depois da publicação do meu e-book, a Teologia da Missão Integral, que não havia recebido oposição durante décadas nas grandes igrejas tradicionais do Brasil, principalmente a Igreja Presbiteriana, começou a receber os primeiros sinais de resistência e oposição sólida. As igrejas luteranas brasileiras, que estão longe do batismo no Espírito Santo e seus dons espirituais, estão também muito perto da Teologia da Missão Integral. Leia meu artigo para entender: “Viadagens teológicas: ambiente da teologia da libertação e TMI produzindo teologia gay no Brasil.”
Se uma igreja não está cheia do Espírito Santo, o vazio será preenchido com o marxismo e outros tipos de liberalismo teológico.
Por isso, não é de admirar que a melhor oposição à Teologia da Missão Integral e seu liberalismo teológico nasceu entre evangélicos carismáticos.
O Espírito Santo pode fazer muito mais contra tal liberalismo.
De acordo com Christenson, em seu livro “Answering Your Questions About Speaking in Tongues” (Respondendo às Suas Perguntas sobre Falar em Línguas), publicado pela Editora Betânia dos EUA e com prefácio de Corrie ten Boom:
“Nenhuma passagem da Bíblia indica que as manifestações do Espírito Santo eram apenas para a Igreja Apostólica. Isso é doutrina puramente humana e racionalização para inventar uma explicação para a vergonha da ausência do sobrenatural na Igreja, e ao mesmo tempo ainda mostrar apego à doutrina de uma Escritura inspirada. Martinho Lutero, comentando sobre Marcos 16:17,18, diz: ‘Esses sinais [inclusive falar em novas línguas] devem ser interpretados como tendo aplicação para todos os cristãos individuais. Quando uma pessoa é cristã, ela tem fé, e terá também o poder de realizar esses sinais.’”
Em sua teologia sistemática “Welcome Holy Spirit” (Augsburg Publishing House, 1987), ele disse:
“Ainda que imperfeitamente compreendidos e usados, os dons espirituais são uma parte prática do ministério do Evangelho” (p. 252).
“No pietismo alemão havia algumas experiências de dons carismáticos. Isso teve uma influência direta pequena na renovação carismática de nossa época, embora os paralelos sejam instrutivos. No século XIX, a congregação de Christoph Blumhardt experimentou reavivamento acompanhado de curas e exorcismo. Em sua pregação Blumhardt despertou esperança de um novo Pentecoste. Na virada do século, conferências regulares de Pentecoste estavam sendo mantidas, com ênfase no reavivamento no poder do Espírito Santo” (p. 355).
Com o pastor luterano Blumhardt, a Alemanha luterana teve uma chance de avançar para um curso espiritual melhor. Contudo, de acordo com Christenson (“Welcome Holy Spirit,” p. 356), na Declaração de Berlim de 1909 os luteranos alemães declararam os dons espirituais hoje, inclusive línguas, como “demoníacos.”
Depois dessa rejeição formal das manifestações do Espírito Santo, a Alemanha enfrentou a 1ª Guerra Mundial, que acabou levando à 2ª Guerra Mundial. Se as igrejas luteranas não tivessem rejeitado as manifestações do Espírito Santo, será que elas poderiam ter tido mais discernimento espiritual contra as forças das trevas que vieram sobre a Alemanha, inclusive o esotérico Adolf Hitler, que enganou tanto católicos quanto luteranos por meio de seu discurso antimarxista?
Oposição feroz ao movimento carismático na Alemanha 100 anos atrás extinguiu a esperança por reavivamento nas igrejas luteranas e abriu a porta para demônios, inclusive o nazismo.
Hoje, os caluniadores criticam o movimento carismático como sendo baseado excessivamente em emocionalismo raso. No entanto, o próprio intelecto afiado e quieto de Christenson contradizia esse estereótipo.
Em seu livro “The Charismatic Movement, An Historical and Theological Perspective” (O Movimento Carismático, uma Perspectiva Histórica e Teológica, 2010), Christenson disse:
Os movimentos religiosos são muitas vezes datados a partir de um acontecimento particular que aponta para seu início na arena pública. Datamos a Reforma protestante a partir do dia em que Martinho Lutero cravou suas 95 Teses na porta da igreja do castelo em Wittenberg em 1517, ou o metodismo a partir da reunião na Rua Aldersgate em 1738 quando o coração de John Wesley foi “estranhamente aquecido.” O movimento carismático é geralmente datado a partir da manhã de domingo em 1959 quando Dennis Bennett anunciou para sua congregação episcopal em Van Nuys, Califórnia, que ele havia sido batizado no Espírito Santo e falava em línguas. Em pouco mais de um ano eventos semelhantes aconteceram numa variedade de congregações protestantes nos Estados Unidos, inclusive igrejas luteranas na Califórnia, Montana e Minnesota. (p. 1, 2)
Em 1959 pentecostais clássicos somavam cerca de 25 milhões no mundo inteiro. Com o advento do movimento carismático, os pentecostais e os carismáticos cresceram para 553 milhões em 2005, tendendo para 811 milhões em 2025. Eles constituem 28% dos cristãos no mundo inteiro, crescendo a uma taxa de nove milhões por ano. “Não há nada como isso na história da igreja,” disse o pastor presbiteriano e historiador Robert Whitaker. “Os primeiros movimentos tinham limitações geográficas e denominacionais. Mas [o movimento carismático] penetrou todas as denominações e está presente em todos os continentes do mundo.” (p. 3)
A palavra grega para “dons espirituais” — charismata — deu o nome do movimento carismático. Os dons do Espírito Santo, principalmente os que estão na lista de 1 Coríntios 12:8-11, se tornaram uma marca registrada popular da renovação. A ênfase nos dons espirituais foi proeminente para começar simplesmente porque coisas como cura espiritual, visões, milagres e falar em línguas eram novas para a maioria dos crentes nas grandes denominações históricas. Os carismáticos entusiasticamente contavam suas experiências de primeira mão com dons espirituais e perguntavam: “Por que não ouvimos sobre isso antes?” enquanto os céticos faziam buscas no panorama procurando sinais de fanatismo. Com o tempo os dons espirituais se tornaram até certo ponto mais comuns entre carismáticos. Compartilhar uma visão, ou uma profecia, ou uma oração por cura se tornou tão normal quanto se levantar para ir e trabalhar. As manifestações dos dons espirituais se tornaram uma realidade estabelecida em sua compreensão da vida e das Escrituras. (p. 4)
Os movimentos de renovação muitas vezes focam num aspecto particular da fé cristã. A Reforma luterana destacou a justificação pela graça por meio da fé. Os reavivamentos wesleyanos frisaram a santificação. Os carismáticos ressaltam a convicção de que os seguidores de Jesus precisam “receber” ou “serem batizados com” o Espírito Santo. (p. 7)
A profecia de João Batista de que Jesus batizaria com o Espírito Santo é registrada em todos os Evangelhos (Mateus 3:11, Marcos 1:8, Lucas 3:16, João 1:33). Jesus repetiu essa profecia antes de Sua Ascenção (Atos 1:5). O livro de Atos registra vários exemplos de pessoas recebendo o Espírito Santo; somados, esses exemplos nos ajudam a entender como essa profecia aconteceu na vida da igreja primitiva —
* Receber o Espírito Santo era um aspecto discreto da iniciação cristã. Estava intimamente ligado ao arrependimento, fé e batismo, mas não acontecia automaticamente quando alguém cria em Jesus ou era batizado.
* Não requeria nenhum ritual específico. Às vezes as pessoas recebiam o Espírito Santo em conexão com oração e a imposição das mãos, mas poderia também ocorrer espontaneamente.
* Receber o Espírito Santo não era um evento secreto ou inconsciente na vida de um crente; dava para notar e lembrar o que havia acontecido. “Não dá para se presumir a presença efetiva do Espírito Santo simplesmente porque um indivíduo concorda com uma doutrina correta. É possível defender a doutrina do Espírito Santo, mas não ter nenhuma experiência de Sua presença e poder. A doutrina precisa encontrar expressão na experiência pessoal.”
* Quando os novos crentes vinham à fé e eram batizados, mas não recebiam o Espírito Santo, a iniciação deles na fé cristã era considerada incompleta; oração era feita por eles para receberem o Espírito Santo.
Os carismáticos não entendem “receber o Espírito Santo” como um termo abrangente para o trabalho do Espírito Santo. É um acontecimento especial que acontece na vida de um crente mediante o qual o Espírito Santo se torna mais manifesto. Hoje, por trás desse entendimento das Escrituras, permanecem milhões de crentes no mundo inteiro e em todo o corpo de Cristo que dão testemunho de que “receberam” ou “foram cheio do” Espírito Santo. Muitos descreveriam sua vida antes não muito diferente do que os discípulos que o apóstolo Paulo encontrou em Éfeso, uns vinte anos depois do Pentecoste —
“Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”
“Nem mesmo ouvimos que há um Espírito Santo.”
Perguntados para explicar como ou por que aconteceu em suas vidas, os carismáticos muito provavelmente respondem: “Alguém me contou sobre isso.” A fé vem pelo ouvir. O movimento carismático vem se espalhando porque uma verdade negligenciada das Escrituras vem sendo proclamada. (p. 7, 8)
Ora, Deus não faz coisas tolas ou desnecessárias. Se Deus designou certos dons e ministérios na igreja, não cabe a nós determinar se eles são bons ou necessários, mas em vez disso perguntar: “Por que Deus fez isso? O que Ele tem em mente?” (p. 11)
É por isso que a vida cristã envolve mais do que viver por princípios. Jesus era muito mais do que “um homem de princípio.” Ele disse: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, mas somente pode fazer o que vê o Pai fazer” (John 5:19 KJA). Por quantos doentes no tanque de Betesda Jesus passou para falar a palavra de Deus para um único inválido? (João 5:2) Jesus não tinha uma “opção preferencial” pelos pobres, ou os doentes, ou os desfavorecidos; nem pelos ricos e influentes. Ele tinha uma opção preferencial pelo PAI! A intenção de Jesus não era que seus discípulos fossem guiados simplesmente pela aplicação com bom senso de princípios espirituais. Nem mesmo as verdades que Ele lhes ensinou eram autônomas. Ele disse: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Advogado… esse vos ensinará todas as verdades e vos fará lembrar tudo o que Eu vos disse.” (João 14:16,26 KJA) Cristo nos chama para uma dimensão totalmente nova de vida. Nossa vida como cristãos não foi designada para ser guiada simplesmente por princípios para serem aplicados por bom senso. Nossa vida está sob a direção de uma Pessoa viva, o Espírito Santo. Por seu poder temos parte na natureza divina. O Senhor está conosco, nós estamos nEle. (p. 23)
A mensagem central da Renovação do Espírito Santo — “receber o Espírito Santo” ou “ser batizado com o Espírito Santo” — chama a igreja de volta para suas raízes bíblicas, para uma fé definida não simplesmente por seu conhecimento — concordância doutrinária, por mais bíblica que seja —, mas por uma consciência e experiência intensificada da união da nossa vida com o Senhor. Os pentecostais e os carismáticos precisam dedicadamente viver e declarar essa realidade central para a qual Deus despertou a igreja do século XX: sua vida e ministério dependem da presença divina. Receba o Espírito Santo! (p. 26)
Com informações da Rede de Televisão Cristã dos EUA.

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