sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Como a Revolução Francesa influenciou o Nacional Socialismo e o Comunismo

"Bliss was it in that dawn to be alive
But to be young was very heaven!" ~ (William Wordsworth)
(A sua perspectiva no início da Revolução Francesa; este espírito de entusiasmo não durou muito tempo)

Por Richard Geib

A Revolução Francesa é claramente um dos eventos centrais da Civilização Ocidental - um período da história cujos personagens e eventos sempre me fascinaram. Em comparação, a muito mais moderada Revolução Americana foi muito menos influente no mundo de então - embora tenha sido mais bem sucedida e menos sangrenta. Posso dizer que a Revolução Americana foi mais bem sucedida porque foi mais moderada e menos assassina que a Revolução Francesa.


Mas ironicamente, a Revolução Francesa foi uma revolução fracassada: A Liberté, Egalité, e a Fraternité rapidamente evoluíram para a imponente figura de Robespierre, e para o seu Reino de Terror, à medida que a revolução ficou fora de controle e começou a matar-se a si mesma.

Inicialmente, os monarquistas foram decapitados, a seguir os Girondinos moderados, e por essa altura a violência e a suspeita estavam totalmente fora de controle à medida que a revolução se devorava a ela mesma. Na minha opinião, depois deles terem começado a decapitar os Girondinos moderados, era uma questão de tempo até todos acabarem na guilhotina.

Vinte e seis anos depois da "Declaração dos Direitos do Homem" ter sido escrita, um Bourbon encontrava-se mais uma vez no trono como Rei de França - isto é que eu tenho em mente quando digo que a Revolução falhou.

Começando em 1793, a França já teve nada menos que 11 constituições subsequentes; ao mesmo tempo, os Estados Unidos ainda usam a sua primeira constituição. Isto é o que eu qualifico de moderação e estabilidade política. O legado destas revoluções é totalmente distinto em estilo, substância e em consequência.

Durante um voraz e irracional trecho de paranóia revolucionária, 1,376 indivíduos foram guilhotinados em apenas 47 dias. As últimas palavras da Girondina moderada Mme. Jeanne Roland de la Platiere, antes da morte na guilhotina, foram:

Ó liberdade! Quanto que eles fizeram pouco de ti!

Na minha opinião, ela colocou as coisas da forma certa. Ou ainda Camille Desmoulins, a escrever da prisão para a sua esposa:


Eu sonhei com uma república que todo mundo iria adorar. Eu não podia acreditar que os homens eram tão ferozes e tão injustos.

Sempre preferi os moderados Montesqieu e Lafayette no lugar de Robespierre e dos seus radicais colegas. Sem surpresa alguma, eles não se deram assim tão bem na Revolução Francesa, o que é um exemplo perfeito da lei de Gresham da moralidade política: o mal expulsa o bem à medida que todos se tornam corruptos, ao mesmo tempo que a vida política se torna não muito diferente da guerra Hobbesiana de todos contra todos num "desejo perpétuo e incansável de poder, que só termina com a morte."

Domestic carnage, now filled the whole year
With feast-days, old men from the chimney-nook,
The maiden from the busom of her love,
The mother from the cradle of her babe,
The warrior from the field - all perished, all
Friends, enemies, of all parties, ages, ranks,
Head after head, and never heads enough
For those that bade them fall. - William Wordsworth



Wordsworth veio a sofrer a desilusão dos jovens revolucionários de todas as eras que descobrem que, ao derramarem um oceano de sangue, eles causaram com frequência males maiores.

Se a Revolução Francesa foi o fim dos privilégios monárquicos e dos privilégios aristocráticos, e a emergência dos direitos democráticos comuns, ela foi também o início do governo totalitário moderno e da execução em larga-escala dos "inimigos do Povo" por parte de entidades governamentais impessoais (o "Comité da Segurança Pública" de Robespierre). Este legado atingiu o seu ponto mais elevado com a trágica chegada dos Nazis Alemães e dos Comunistas Soviéticos e Chineses durante o século 20.

De facto, Rousseau foi chamado de o precursor dos pseudo-democratas modernos tais como Estaline e Hitler, e as suas "democracias do povo". O seu apelo para que, se for necessário, os "soberanos" forcem os homens a serem livres no interesse da "Vontade Geral", soa mais como Licurgo de Esparta e não como o pluralismo de Atenas; o legado de Rousseau é Robespierre bem como os radicais Jacobinos (do Terror que se seguiu), que o adoraram de modo apaixonado.

Durante o século 20, a sua influência fez-se sentir através da acção dos tiranos que iriam fomentar as paixões igualitárias das massas não no interesse da justiça social mas sim do controle social.

Olhemos para Rousseau como o génio literário que foi e apreciar a sua contribuição para a história; olhemos para a sua filosofia política com grande cepticismo.

Será que se pode forçar uma pessoa a ser livre? Será que uma pessoa - ou um pequeno grupo de pessoas - pode claramente discernir o que é a "Vontade Geral" que representa todas as pessoas?

Não é isto, na práctica, um apelo à ditadura? Será que podemos ler "O Contrato Social" e encontrar nele algum do espírito de Atenas e da democracia parlamentar? Eu não consigo. Tudo isto parece-me mais ao estilo de Esparta bem como ao estilo do igualitarismo austero da sociedade colectivista e das justificações ideológicas dos regimes terríveis do totalitarismo moderno.

Rousseau pressagia a ascenção do movimento Romântico nas artes e causou a sensação entre os aristocratas de França dos Bourbons. Alegadamente Napoleão disse mais tarde:

Se não tivesse existido um Rousseau, a Revolução não teria ocorrido, e sem a Revolução, eu teria sido impossível.

Estaline e Hitler poderiam dizer o mesmo ao reconhecerem a sua dívida pelo conceito de "o Soberano" a Rousseau e à sua identificação mística com as pessoas. Duzentos anos mais tarde nós só temos milhões e milhões de inocentes assassinados em "nome do povo", etc. ad nauseam.

Robespierre olhou para Rousseau como um pai espiritual. Se eu pudesse escolher o menor de dois males, eu teria escolhido os diplomatas oportunistas tais como Maurice de Talleyrand de França, Clemens Metternich da Áustria, Czar Alexandre da Rússia, ou o Lord Castlereagh da Inglaterra e não Napoleão, e a França Revolucionária, visto que Napoleão foi apenas a semente que iria florescer no século 20 nas pessoas de ditadores dinâmicos tais como Adolf Hitler e José Estaline.

"Ninguém pode governar sem culpa," alegou São Justo. Isto pode ser verdade, mas a violência política é o pior dos males deste século, repleto de crimes espectaculares, e que eu saiba, Robespierre foi o primeiro intelectual Europeu a avançar com a ideia absurda de que o terror é a melhor e a mais eficaz forma de estabelecer a "justiça".

A Revolução Francesa foi a morte merecida do antigo sistema monárquico Europeu. Infelizmente, em demasiados locais os governos que tomaram o lugar dos regimes antigos foram tão maus ou piores que aqueles que os haviam precedidos (Desde Napoleão, a Lenine até aos fascistas).

O caos e a violência que Napoleão ajudou a materializar só nos últimos 50 anos (esperemos nós) é que foi removida do sistema Europeu. Que nós possamos aprender com o passado de modo a que não façamos os mesmos erros. Que o século 20 (e o terror Jacobino) seja um aviso! (...)

O que aprendemos com o estudo da Grande Revolução [Francesa] é que ela foi a fonte de todas as actuais concepções comunistas, anarquistas e socialistas.

Príncipe Petr Kropotkin - Naturalista Russo, autor e soldado, escrevendo em 1909 em vésperas da Revolução Bolchevique.

Nenhum comentário:

Postar um comentário